sexta-feira, 24 de novembro de 2006

O PAÍS TEM NECESSIDADE DE SUSTENTAR MILITARES, QUE SERVEM PARA NADA?

Claro que não. E o passeio do descontentamento não passou do passeio da própria inutilidade. Mas para não ser só eu a dizê-lo, leiam, aqui, o excelente artigo do José Miguel Júdice, no Público. Também podem ler o Vasco Pulido Valente que dá no alvo. Mas do Júdice destaco aqui alguns trechos:

« ... Mas sabe o amável leitor que paga impostos que, em 2004, Portugal dedicou 2,3 por cento do PIB a despesas militares? E não acha estranho que a República da Coreia, estando onde está, só gastasse 2,4 por cento? E alguém o informou de que a Irlanda - apesar da ameaça de situações de crise real na fronteira norte - só dedicou às tropas 0,7 por cento? E imaginava que países como a Itália, os nórdicos, a Bélgica e a Holanda estão todos eles claramente abaixo de Portugal? E que o pequeno e pobre país que todos sabemos que é a Alemanha aplicou apenas 1,4 por cento do PIB a custos de Defesa? Ou que a Espanha, apesar do terrorismo basco, se ficou pelos 1,1 por cento, ou seja, menos de metade do que se gastou (ou delapidou) neste país tranquilo e pacífico à beira mar plantado?
(...)
O caso das Forças Armadas é, a este título, paradigmático. Não faz qualquer sentido o que se gasta com Defesa e Forças Armadas. É indispensável fechar e vender quartéis, reduzir investimentos, mandar para o quadro de supranumerários muitos excedentários, reformar ou negociar a saída da função pública de oficiais, sargentos e praças, estabelecer como objectivo para Portugal aquilo que serve para a Irlanda: reduzir, e muito rapidamente, de 2,3 por cento para 0,7 por cento do PIB o nosso Orçamento da Defesa.
Durante muito tempo se falou, e eu fui um deles, da libertação da sociedade civil como uma condição do progresso económico e social. Chegou a hora de termos a coragem e a lucidez de defender que, com as mesmas motivações, temos de nos libertar da sociedade militar, aproveitando para outras funções - no Estado e fora dele - as pessoas que se tornaram redundantes ou desnecessárias. A menos que se ache que temos de nos armar para nos defendermos de uma invasão espanhola. »

1 comentário:

Anónimo disse...

A desfaçatez com que estes senhores das Forças Armadas organizam "passeios", à revelia das autoridades, faz pena...
Enquanto esses cavalheiros "passeiam", o "Zé" trabalha para nunca chegar a ter as regalias e o "dolce fare niente" que essa "tropa" usufruiu durante décadas.