Duas pessoas que prezo, professoras, fizeram comentários em blogs sobre a falta de empenho dos seus alunos para com práticas ambientais. Que ao serem confrontados com a informação das consequências futuras das más práticas ambientais, terão respondido que tal já não era para eles.Chocados? Eu não. Só reflectem a falta de esperança. Eles são adolescentes que sempre foram criados num país já em crise profunda, em que os pais já subsistem no desespero, transmitindo-lhes uma ambiência de desesperança. Eles não têm futuro. Eles não têm esperança. A resposta deles exprime isso
quarta-feira, 8 de novembro de 2006
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4 comentários:
Embora eu ainda me choque, é bem real o que dizes.
A juventude não tem esperança nem perpectivas de futuro, por isso tudo lhes parece em vão.
Continuo a dizer, tristes tempos os que vivemos.
Mas estamos cá nós para lhes fazer CRER que existe um futuro, e que ele pode ser belo...
Pelo menos, ambientalmente...
Caro Aquiles, passe lá no "cantinho" e veja se ainda não haverá esperança... Pelo menos alguma... (não ligue às minhas crises ;)
Aquiles,
Os garotos cresceram a ouvir falar em guerras eminentes, crises permanentes, falta e precariedade de trabalho (que já é uma realidade) e acabaram a questionar-se se vale a pena investir a sério no que quer que seja. Inteligentes como são e se observarem um pouco o mundo também já se aperceberam que uma boa maioria está-se mesmo nas tintas para isto e que impera a lei do mais forte, a lei da concorrência e da falta de respeito por tudo e todos e isto não é animador.
A menos que lhes trasmitamos o contrário e os façamos acreditar como é importante o envolvimento deles em tudo, como é importante e necessário que também eles sejam conscientes e saibam exercer a sua cidadania de uma forma plena, madura e efectiva o futuro não promete ser risonho para ninguém.
Quanto ao ambiente a mim parece-me que uma boa maioria até já tem uma consciência razoável: demora séculos a mudar mentalidades. E vejo adultos a portarem-se muito pior que os jovens.
Agora ao nível do mercado do trabalho a coisa já é mais complicada. Os mais velhos já se vão apercebendo que mesmo que sejam muito bons alunos e tirem o seu curso (dependendo da área) isso começa a não ser garantia de nada. E são inúmeros os jovens licenciados sem emprego ou a trabalharem em áreas tão diversas da desejada. Isto sim é muito desmotivante pois fá-los perder a esperança num futuro melhor e é para isso mesmo que eles foram (ou não) motivados a trabalhar. Sem motivação, sem fé em algo, sem expectativas é natural que muitos fiquem seriamente desmotivados e vivam de uma forma alucinante como se não houvesse amanhã. Isto reflecte-se também ao nível da sexualidade. Convivo muito com os meus sobrinhos e os amigos deles e vou-me apercebendo que entre eles virou moda trocar de namorado/namorada com a maior das facilidades. Aliás o namoro assumiu cambiantes tão diversas como o andar, o curtir e algo mais, cujo nome não me recordo. Aparentemente tudo é permitido entre eles mas no fundo o que todos desejam (mesmo sem saberem) é o mesmo: amar e ser amado. Fingem-se muito modernos mas os ciúmes estão lá patentes e na forma como se vão criticando (as raparigas são as mais criticas até para elas próprias) as mentalidades ainda não estão assim tão arejadas como parece.
Continuo a acreditar que o papel da família (isto independentemente do tipo de família que for) é muito importante e que é em casa que os valores são transmitidos e que se o forem de uma forma coerente (e não do tipo dizer uma coisa e fazer outra) os frutos lá virão com o tempo.
Aqui em casa tenho dois rapazes e o meu maior orgulho é que ambos sejam dóceis e bem educados. Claro que o dócil não significa que não se deêm como irmãos!:). Às vezes pergunto-me se não estou a fazer asneira e se estarei a preparar bem os meus filhos para a selva que os espera. Mas pronto mais importante para mim do que serem muito bons alunos, muito competentes e competitivos é que sejam boas pessoas e, para já não me posso queixar. Vamos lá ter fé que haja muita gente com vontade (e eu acredito que sim) de fazer deste mundo um mundo melhor para todos. Falar é fácil o pior é o resto...
Ena, que relambório....
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