Do artigo publicado, aqui, no Público, hoje, de Carla Machado, destaco:
O Francisco foi despedido da empresa onde trabalhava.
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O Francisco viu-se na rua, com uma magra compensação pelos seus muitos anos de trabalho. Inicialmente não se preocupou em demasia. Afinal, tinha experiência, formação, excelentes cartas de recomendação. E, sobretudo, era bom no que fazia.
Bateu a várias portas mas, estranhamente, poucas se abriram.
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Até que um dia, com um olhar compadecido, uma das responsáveis pela selecção de uma das inúmeras empresas a que já tinha ido - jovem, tão jovem que mal parecia saída do secundário -, acabou por lhe confessar: "Sabe, não é nada contra si, nem tem nada a ver com o seu currículo. É que o doutor é... desculpe... demasiado velho! E as empresas não querem contratar gente da sua idade, que já tem experiência e normalmente exige melhores salários e mais direitos. Querem gente nova, que faz tudo para começar, mesmo que seja trabalhar 10 horas por dia quase de borla, está a entender?" Entendeu. E parou de procurar. Foi para casa, calçou os chinelos, sentou-se à frente da televisão.
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O Francisco tem 37 anos. Estaremos mesmo preparados para o arrumar na gaveta dos desperdícios?
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O Francisco tem 37 anos. Estaremos mesmo preparados para o arrumar na gaveta dos desperdícios?
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