– O português – dizia-me um dia Junqueiro – não raciocina com idéias, mas com paixões. O nosso facciosismo provém do exclusivismo mental e da improvização na cultura. Quere você um exemplo? Eu lhe digo. Alguém pregunta a um português: «Você é capaz de fazer água?» O português, que é inteligentíssimo e espontâneo sempre, responde logo: - «Claro que sou. Olha quem! Basta que você me diga como se faz». -- «É simples. A água é feita de hidrogénio e oxigénio. Aqui tem a fórmula. Percebeu?» O português percebeu imediata_ mente: «Vamos lá a isso!» E dispõe-se a fazer a água. De repente, dá um murro na mesa e grita: «Eu quero lá nada com êsse canalha do oxigénio! Faço a água, sim senhor, mas só com hidrogénio».
– Traduza esta parábola em idéias - e tem Portugal inteiro, rematava o Poeta, ajeitando o eterno guarda-chuva, o «guarda-chuva do Parnaso», como êle próprio dizia.
– Traduza esta parábola em idéias - e tem Portugal inteiro, rematava o Poeta, ajeitando o eterno guarda-chuva, o «guarda-chuva do Parnaso», como êle próprio dizia.
In "Homens E Païsagens Que Eu Conheci", de Augusto de Castro
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