sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
GOSTARIA QUE FOSSEIS BONS PARA O ANO DE 2011
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
A EUROPA IRÁ EMPOBRECER, INEVITAVELMENTE, PORQUE DESCUROU A EXIGÊNCIA NO ENSINO
Em Portugal as equivalências, o facilitismo do passar de ano, enfim, oferecer-se um diploma por tudo e por nada, não leva a que haja trabalhadores muito qualificados, antes pelo contrário. A falta de exigência do ensino reflecte-se na qualidade da produção, quer a nível de empregados, quer a nível de empresários. Produção baseada em produtos com pouquíssimo valor acrescentado e salários miseráveis leva sistematicamente ao empobrecimento. E o empobrecimento leva sempre à dependência. Países dependentes dos mercados financeiros fazem com que estes mercados se abasteçam directamente dos impostos dos seus cidadãos.
Claro que o facilitismo no ensino gerou políticos incompetentes, que, ao reproduzirem-se, geram o empobrecimento dos países. A necessidade de trabalhadores muito qualificados na política também se faz sentir, e muito, na política dos países.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
IRRELEVÂNCIA
2 - António Guterres
É um santo na política, esforçando-se por não incomodar ninguém, mesmo aqueles que manifestamente precisavam de ser incomodados. Durante décadas, preparou-se com um esmero adolescente para ser primeiro-ministro - e, quando finalmente conseguiu, estragou tudo (primeiro) e desistiu de tudo (depois). Agora, como alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, passeia a sua irrelevância por mais de 110 países. Talvez um deles queira, num delírio, ler a sua história - não, talvez não.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
UM POVO EDUCADO NÃO TOLERA CORRUPÇÃO
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
PORTUGUESES, PERMANENTEMENTE ILUDIDOS
Na contra capa de «As memórias secretas da Rainha D. Amélia», de Miguel Real.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
QUE FRENESIM INSTALADO JÁ NA PREPARAÇÃO DE VIRAR AS CASACAS
sábado, 20 de novembro de 2010
DOIS PARTIDOS SEM IDEIAS, SEM PLANOS, SEM CONVICÇÕES, INCAPAZES
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas. Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
(Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896).
O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína económica cresce, cresce, cresce... O comércio definha, A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
Eça de Queirós
Será defeito? Má qualidade da matéria prima? Será...? Será que há mesmo alguma coisa para ser responsável?
sábado, 13 de novembro de 2010
AINDA HÁ ELITES EM PORTUGAL?
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
A BOA MOEDA, A MÁ MOEDA; A BOA MOÇONARIA, A MÁ MAÇONARIA.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
SER DEPUTADO EM PORTUGAL É MUITO DIFERENTE DE SÊ-LO NA SUÉCIA
HIPERTENSÃO
Antonio Carlos Costardi, neurologista no estado de S. Paulo, Brasil
terça-feira, 26 de outubro de 2010
OS DÉFICES DA SATISFAÇÃO IMEDIATA
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
NÃO RESPONSABILIZAR.
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
JÁ LERAM BEM O LEMA DO BLOG?
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
DE VEZ EM QUANDO CONTRARIO O MEU PESSIMISMO
Santo Deus, não. A maior parte das pessoas aqui é dez vezes melhor a matemática que qualquer americano que trabalhe na Google. Não há comparação. As pessoas cá não têm padrões, é inacreditável. Os exames de matemática em Portugal são mais difíceis que no MIT. Há o talento em Portugal para fazer isso, a questão é transformar isto num negócio gigantesco.
domingo, 17 de outubro de 2010
PORTUGAL AINDA VALE A PENA?
terça-feira, 12 de outubro de 2010
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
OS PORTUGUESES SÃO UM POVO IMBECILIZADO?
sábado, 9 de outubro de 2010
A LUCIDEZ EM OPINIÃO
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
FRACO REI FAZ FRACA A FORTE GENTE
sábado, 28 de agosto de 2010
PORQUE SERÁ QUE SE ESCREVE TANTO SOBRE O SALAZAR?
terça-feira, 24 de agosto de 2010
CANUDOS, CANUDOS, CANUDOS, E ...........
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
PARECE QUE SEMPRE SE VENDERAM CERTIFICADOS
O que há mais para dizer sobre isto? Só isto: pobre país este.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
ELVIRA GASPAR TEM RAZÃO
Se calhar o problema está é no ensino secundário, e já antes, que manda os alunos mediocremente preparados para a universidade. E há, tem de haver, um grau mínimo, de segurança, na exigência. Os alunos não podem sair, também, mediocremente da universidade. Senão qual será a confiança que se poderá ter na competência deles? E parece-me que as universidades também estão a escorregar para o facilitismo do secundário e a apostar na graduação da ignorância. Honra a Elvira Gaspar. Leiam aqui a notícia. E a lição a tirar é que se não sabem devem chumbar, e nunca passar por esmola do facilitismo.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
EXPLICAÇÃO SINGELA E EXAUSTIVA
Tenho hoje a sensação de que nos roubaram a juventude. Não sei se se passa o mesmo contigo… Ajuste de contas comigo, com o meu fado. Não, não é nada contra ninguém. Não sou daqueles que invectiva os outros, um mal tão tipicamente português. Os outros não sei quem são, não ando à procura de álibis, desculpas, pretextos ou bodes expiatórios. O outro sou eu, ponto final parágrafo.
Nasci em 1947 - como tu, suponho – num país à beira mar plantado, mar que aliás eu só vi quando fui para a tropa… Um país governado por um velho celibatário e a sua criada. Foi o tempo e o lugar que me calharam na rifa, foi o meu fado. Não fiques à espera que eu me lamente, chore banho e ranho, ou que arranque os cabelos. Sou o que sou, ponto final.
Não, não sinto raiva, desejo de vingança, vergonha, culpa, nada disso em que possas estar a pensar. Porque haveria eu de sentir culpa ? Não matei, não torturei, não violei, não roubei, não desejei a mulher do próximo… Enfim, julgo ter cumprido os 10 mandamentos da lei de Deus que me ensinaram os meus pais. Tive uma educação cristã, como tu, como toda a gente. Fui igual a centenas de milhares de jovens da minha, da nossa geração. Nem cobardes nem heróis.
sábado, 7 de agosto de 2010
"TODO MUNDO 'PENSANDO' EM DEIXAR UM PLANETA MELHOR PARA OS NOSSOS FILHOS... QUANDO É QUE 'PENSARÃO' EM DEIXAR FILHOS MELHORES PARA O NOSSO PLANETA?"
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
A CRISE É, EM MUITO, DE VALORES.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
EU ADORO HUMOR INTELIGENTE. EU ADORO O ACTOR ANTÓNIO FEIO
quarta-feira, 28 de julho de 2010
OS ALERTAS, POR VEZES, ACELERAM.
terça-feira, 27 de julho de 2010
3200 ESCOLAS DO 1.º CICLO FECHADAS NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
sexta-feira, 23 de julho de 2010
CONTEMPORÂNEO
Giorgio Agamben, «Qu’ est-ce le contemporain?», Rivages poche/Petite Bibliothèque, 2008.
quinta-feira, 22 de julho de 2010
E NÃO DIZEMOS NADA
terça-feira, 20 de julho de 2010
JÁ ESTOU CANSADO DO PAÍS
sexta-feira, 16 de julho de 2010
AS CRIANÇAS DAS GRANDES METRÓPOLES URBANAS.
E os pais dessas crianças. Cansados delas? Cansados da vida que têm? Sempre na busca, com afã, do inatingível? Conversam com os filhos e têm tempos lúdicos com eles? Ou compram-lhes coisas para os manterem calados e dão-lhes a comer plasticfood para os manterem sossegados e inertes. Assumem-se como pais virtuais e dão conselhos e exemplos virtuais para explicarem a vida. Está tudo no Google. Quando não podem resolver a vida como aparece no ecrã é que começa o desatino. A vida, no dia a dia do cidadão comum, nunca é virtual.
Um bom exemplo são os que são contra o serviço militar e se declaram pacifistas. E depois jogam no PC coisas violentíssimas com batalhas tremendas, matando que se fartam. Guerreiros indomáveis no ecrã, temeratos na vida real. Lutam com abnegação no ecrã e temem defender-se na rua. Por isso se fecham, nos apartamentos, com medo da rua, esperando (e rezando) que alguém os defenda do mundo real.
Talvez um dia volte a este tema por causa da demografia, da defesa, da integridade.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
DESPARTIDARIZAR O ESTADO
terça-feira, 13 de julho de 2010
ESTAMOS, DE FACTO, EM CRISE?
segunda-feira, 12 de julho de 2010
A ESPANHA NÃO GANHOU SÓ O MUNDIAL. TAMBÉM GANHOU IMPULSO.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
MOVIMENTOS DA SOCIEDADE CIVIL
quinta-feira, 8 de julho de 2010
SERÁ IRRESPONSABILIDADE?
O problema é que a chapa era nossa, do Estado, o que nos permite, enquanto "accionistas" involuntários, fazer perguntas. O dinheiro entrou na Facontrofa, dona da rede de 25 lojas Cheyenne, sob a forma de capital. O IAPMEI injectou dois milhões de euros, o que lhe garantiu ser dono de 40% da empresa. Antes não tivesse sido.
Se não é gestão dolosa, é de digestão dolorosa. Quem aprovou aquele "investimento" e sob que justificações? Quem lhe foi pedir explicações por ter sido enganado? Sim, porque não há outra possibilidade para esta rocambolesca história: só pode ter sido por incompetência. A alternativa é muito pior.
A azáfama eleitoralista de 2009 misturada com o pânico ante a crise e o impulso de preservar empregos (o que é diferente de salvar trabalho), centenas de empresas foram acudidas. Numas valeu a pena, noutras não. E noutras ainda, já não valia a pena antes de injectar dinheiro.
Onde estão aqueles dois milhões de euros hoje? E quantos outros milhões com eles desapareceram?
domingo, 4 de julho de 2010
E FOI DITO
dentro da verba global que lhes seja atribuída pelo Ministério das Finanças;
b) Que as medidas tomadas pelos vários Ministérios, com repercussão directa nas
receitas ou despesas do Estado, serão previamente discutidas e ajustadas com o Ministério das Finanças;
c) Que o Ministério das Finanças pode opor o seu veto a todos os aumentos de despesa corrente ou ordinária, e às despesas de fomento para que se não realizem as operações de crédito indispensáveis;
d) Que o Ministério das Finanças se compromete a colaborar com os diferentes ministérios nas medidas relativas a reduções de despesas ou arrecadação de receitas, para que se possam organizar, tanto quanto possível, segundo critérios uniformes.
(...)
«Aguardamos apenas a realização de condições convenientes para que o remédio não seja pior de sofrer do que o mal que se destina a curar».
E quem o disse?
quinta-feira, 1 de julho de 2010
AFUNILADOS
quarta-feira, 23 de junho de 2010
SOU UM ADMIRADOR, INCONDICIONAL, DE ANTÓNIO QUADROS
Mas o futuro, se queremos que ele não nos fuja, exige o acerto e o reencontro que nos tem sido tão difícil. Acerto entre o pensamento político adequado à situação psico-social portuguesa, e à praxis que o viabilize tendo em conta a multiplicidade dos nossos problemas, que não são os problemas de Sirius, mas sim os de um concreto aqui e agora, incognoscível sem a aproximação dos seus fundamentos, raízes e movimento histórico; e reencontro dos portugueses consigo próprios, e com a sociedade e a civilização que virtualmente, profundamente, querem ser, mas de que em parte se alienaram.
Do prólogo de PORTUGAL, Entre o ontem e o amanhã de António Quadros.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
NÃO DOMINAMOS O FUTURO.
Temos de agir de acordo com a história registada no tempo. Porque as consequências das nossas acções acompanhar-nos-ão no tempo. Quer no finito, quer no infinito.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
DADOS ESTATÍSTICOS IDENTIFICAM, PARA ESTES EXAMES, A PRINCIPAL CAUSA DO INSUCESSO - A FALTA DE PREPARAÇÃO DOS ALUNOS NA LÍNGUA PORTUGUESA
MACHO ALFA
Já agora permitam que recomende o blog «LADRÕES DE BICICLETAS», com link aí ao lado.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
PORQUE É QUE O SOCIALISMO, QUANDO SE INSTALA, EMPOBRECE AS PESSOAS E TIRANIZA?
terça-feira, 15 de junho de 2010
TARDE, TARDE, TARDE É O QUE NUNCA CHEGA
Embora tarde, felicito o Dr. António Barreto por ter tido, não só a lembrança, mas também o arrojo de focar a questão dos ex-combatentes, questão que, não sendo politicamente correcta para os partidos políticos, é odiosa para muitos mandantes.
Com a devida vénia transcrevo daqui, do blog JACARANDÁ do Dr. António Barreto, a alocução que fez no dia de Portugal, das Comunidades e de Camões:
O DIA DOS PORTUGUESES ou, oficialmente, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, comemorado em 2010, tem um significado especial. Na verdade, assistimos esta manhã a um desfile das nossas Forças Armadas precedido de uma extensa delegação de Veteranos, de Antigos Combatentes, mais singelamente de combatentes dos exércitos em todas as guerras e conflitos em que Portugal esteve envolvido desde meados do século XX.
Ao ver desfilar umas dezenas de antigos combatentes, de todos os teatros de acção militar em que Portugal participou, não sentimos vontade nem necessidade de lhes perguntar pela guerra, pela crença ou pela época. Sentimos apenas obrigação de, pelo reconhecimento, pagar uma dívida. Sentimos orgulho por saber que é a primeira vez na história que tal acontece e que está aberta a via para a eliminação de uma divisão absurda entre Portugueses. Com efeito, é a primeira vez que, sem distinções políticas, se realiza esta homenagem de Portugal aos seus veteranos.
Centenas de milhares de soldados portugueses combateram em nome do seu país, do nosso país, desde os inícios do século XX até à actualidade. Já não há sobreviventes do Corpo Expedicionário Português enviado para Flandres, na 1ª Grande Guerra Mundial, nem das forças que, no mesmo conflito, lutaram em África. O último veterano dessa guerra, José Maria Baptista, morreu a 14 de Dezembro de 2002. Depois daquele conflito, as guerras foram, durante décadas, poupadas aos Portugueses. Só a partir de finais dos anos 1950 os soldados e outras forças militarizadas voltaram a encontrar-se em situações de combate aberto, primeiro no então Ultramar português, depois em múltiplos teatros de guerra, em associação com forças armadas dos nossos aliados da NATO e da União Europeia e em missões organizadas sob a égide das Nações Unidas. Independentemente das opiniões de cada um, para o Estado português todos estes soldados foram Combatentes, são hoje Antigos Combatentes ou Veteranos, mas, sobretudo, são iguais. Não há, entre eles, diferenças de género, de missão ou de função. São Veteranos e foram soldados de Portugal. É assim que deve ser.
Em Portugal ou no estrangeiro, no Continente ou no Ultramar, na Metrópole ou nas Colónias, as Forças Armadas portuguesas marcaram presença em vários teatros de guerra e em diversas circunstâncias. Militares portugueses lutaram em terra, no mar ou no ar, cumpriram os seus deveres e executaram as suas missões. Em Goa, em Angola, em Moçambique, na Guiné, no Kosovo, em Timor ou no Iraque. Todos fizeram o seu esforço e ofereceram o seu sacrifício, seguindo determinações políticas superiores. As decisões foram, como deve ser, as do Estado português e do poder político do dia. Mas há sempre algo que ultrapassa esse poder. O sacrifício da vida implica algo mais que essa circunstância: é, para além das vicissitudes históricas e dos ciclos de vida política, a permanência do Estado.
Os soldados cumprem as suas missões por diversos motivos. Por dever. Por convicção. Por obrigação inescapável. Por desempenho profissional. Por sentido patriótico, político ou moral. Só cada um, em sua consciência, conhece as razões verdadeiras. Mas há sempre um vínculo, invisível seja ele, que o liga aos outros, à comunidade local ou nacional, ao Estado. É sempre em nome dessa comunidade que o soldado combate.
Na verdade, em todos os episódios de guerra referidos e noutros mais, há fenómenos de natureza diversa. Houve decisões políticas de carácter exclusivamente nacional, mas também houve actos de colaboração em missões multinacionais, como houve decisões estratégicas colectivas das alianças de que Portugal é membro. Também conhecemos decisões políticas tomadas em vários quadros: com e sem legitimidade democráticas, com e sem referenda parlamentar. E até, finalmente, situações em que o Parlamento fica aquém daquela que deveria ser a sua função. Com efeito, a Constituição e as leis não obrigam, infelizmente, a que as missões no estrangeiro sejam aprovadas pelo Parlamento. Apenas admitem o “acompanhamento do envolvimento” militar no estrangeiro, o que nem sempre é rigorosamente cumprido.
A análise destas diferenças pode ser importante do ponto de vista político, histórico e intelectual. Mas, no plano do reconhecimento de um povo, do respeito devido e do esforço do soldado, essas distinções são secundárias ou inúteis. Foram, simplesmente, militares portugueses que tudo deram ou tudo arriscaram. É esse o reconhecimento devido.
Um antigo combatente não pode nem deve ser tratado de colonialista, fascista, democrata ou revolucionário de acordo com conveniências ou interesses menores. A sua origem, a sua classe social, a sua etnia, as suas crenças ou a sua forma de vínculo às Forças Armadas são, a este propósito, indiferentes: foram, simplesmente, soldados portugueses.
Pelo sacrifício, pela duração e pelas implicações políticas, as guerras do Ultramar foram evidentemente as que mais marcaram as gerações das últimas décadas. Mas, ao longo dos trinta anos de democracia e de compromissos internacionais, muitas centenas ou milhares de cidadãos portugueses estiveram presentes em teatros de guerra e em missões de protecção da paz ou de mediação. Novos sacrifícios foram feitos, vidas foram interrompidas, carreiras e famílias suspensas.
Todos esses militares, os de Luanda ou do Líbano, os da Guiné ou da Bósnia, merecem o nosso respeito. São antigos combatentes. São Veteranos. São soldados que cumpriram os seus deveres e que, com excepção dos que tenham moralmente abusado das suas funções, merecem a nossa homenagem. Não há lugar, não deve haver lugar para diferenças entre esses Veteranos. Não há Veteranos melhores ou piores do que outros. Não há Veteranos que mereçam aplauso e Veteranos a quem se reserve o esquecimento. Não há Veteranos ou Antigos Combatentes fascistas ou democráticos, socialistas ou comunistas, reaccionários ou revolucionários. Não há Veteranos de antes ou de depois do 25 de Abril. Não há Antigos Combatentes milicianos ou de carreira ou contratados. Há Veteranos e Antigos Combatentes, ponto final! É o que nós lhes devemos. Nós, todos, os que fizeram ou não, os que concordaram ou não com as guerras, sem distinção de época, de governo ou de cor política.
Portugal não trata bem os seus antigos combatentes, sobreviventes, feridos ou mortos. É certo que há, aqui e ali, expressão de gratidão ou respeito, numa unidade, numa autarquia, numa instituição, numa lei ou numa localidade. Mas, em termos gerais e permanentes, o esquecimento ou a indiferença são superiores. Sobretudo por omissão do Estado. Dos aspectos materiais aos familiares, passando pelos espirituais e políticos, o Estado cumpre mal o seu dever de respeito perante aqueles a quem tudo se exigiu.
Em cada momento, em cada conflito, houve quem tivesse ideias diferentes e se opusesse à intervenção militar. Uns, mesmo nessas condições, cumpriram as ordens oficiais, outros recusaram-se. Por oportunidade, por convicção política, por uma interpretação diferente do interesse nacional, houve refracção e objecção. Em certos casos, pensava-se que as operações militares não tinham sido referendadas pelo povo soberano ou eram contrárias à ética e ao interesse nacional. Noutros casos, faltava o assentimento parlamentar. Aliás, o acompanhamento parlamentar do envolvimento militar é deficiente, apesar de estatuído pela Constituição.
Houve soldados que combateram sob um regime autoritário, outros em regime democrático. Houve soldados que combateram integrados em forças nacionais, outros em forças aliadas ou internacionais. Como houve soldados que, de outras origens étnicas então e tendo hoje nacionalidade diferente, serviram nas Forças Armadas portuguesas.
Em 1974, jovens militares decidiram derrubar o regime autoritário e dar uma oportunidade à democracia. Outros tentaram estabelecer um novo regime político que eventualmente limitaria as liberdades. Outros ainda ficaram independentes e equidistantes. Enquanto outros, finalmente, teriam preferido continuar sob o regime anterior. Prefiro os primeiros, os que ajudaram a fundar o Estado democrático. Mas, pelo sacrifício das suas vidas e pelo cumprimento dos seus deveres, respeito-os todos.
Qualquer guerra ou envolvimento militar é controverso e suscita opiniões diversas e contraditórias. É assim no Afeganistão ou no Iraque. Foi assim no Ultramar. Como também na Flandres, nas Linhas de Torres ou em Aljubarrota. Essas divergências podem ser legítimas e compreensíveis. Traduzem ideias, interesses, convicções e doutrinas diferentes. Assim como versões diversas do interesse nacional. Mas isso não justifica a ausência de respeito por aqueles que combateram, que correram riscos, que ficaram feridos ou deram a sua vida.
As diferenças de opinião e de crença não devem impedir de respeitar todos os que fizeram a guerra, com convicção ou por obediência ao poder político, desde que, evidentemente, o tenham feito sem abuso. Merecem as pensões que lhes são devidas. Merecem atenção e cuidado. Merecem um Dia do Combatente oficialmente estabelecido. Merecem que as suas associações sejam consideradas de utilidade pública. Merecem estar presentes nas cerimónias públicas e oficiais. Mas sobretudo merecem respeito.
Os Portugueses são parcos em respeito pelos seus mortos e até o Estado não é muito explícito no cumprimento desse dever. Pois bem: está chegada a altura de eliminar as diferenças entre bons e maus soldados, entre Veteranos de nome e Veteranos anónimos, entre recordados e esquecidos. Pela Pátria ou pelo seu País, pelo Estado ou pela sua profissão, foi pela sua comunidade nacional que todos eles combateram e se sacrificaram.
É possível que o comportamento do Estado, a atitude de políticos e os sentimentos de cidadãos para com os militares sejam determinados, em parte, pela avaliação que se faz do modo como deram ou retiraram apoio a certos dirigentes e a certas formas de regime. Não se nega o facto. Mas, perante o antigo combatente, recusa-se o juízo de valor.
Aos Veteranos e antigos Combatentes que hoje estiveram connosco pela primeira vez, nada se lhes pede. Nada devem aos seus contemporâneos. Nós é que estamos em dívida para com eles. São o Estado e a sociedade que lhes devem algo. O que lhes pedimos hoje foi muito simples: aceitem a homenagem que o Estado e os Portugueses vos prestaram! Não estamos aqui a festejar a guerra, mas sim os soldados! E não há melhor dia, do que o Dia de Portugal, para o fazer.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
AINDA O ENSINO
Consegue perceber porquê?
O objectivo desta Europa é ter cada vez mais pessoas que não pensem. Quanto menos se pensar mais obedientes somos e menos possibilidades temos de reagir ao que consideramos injusto. E quem perde mais são os países mais pobres, caso de Portugal. Quanto mais analfabetos formos e mais propensos ao consumismo melhor - vemos todos os dias pessoas endividadas que não reflectem e se deixam seduzir por engodos. Ache que esse é o objectivo de um determinado tipo de poder que, sem dúvida, corrompe e escraviza.
(…)
Reúne os textos que publicou sobre o assunto, nomeadamente no JL?
sábado, 12 de junho de 2010
LUTAR CONTRA O INIMIGO ERRADO
sexta-feira, 11 de junho de 2010
O ENSINO DO PORTUGUÊS
-JL : Que radiografia traça do estado do ensino do Português?
Maria do Carmo Vieira: Tanto no ensino do Português, como no ensino em geral, não se convidam os alunos a pensar ou a sentir. O pensamento associa-se à sensibilidade e a aspectos emotivos, aqueles que nos levam a um determinado tipo de reacções. A leitura e a análise de um texto literário provoca uma reacção, que nos obriga a pensar, sobretudo sobre nós próprios e os outros. No caso do Português e da Literatura há um grande desamor sobretudo pelos autores clássicos. Na dicotomia velho/novo, neste momento, privilegia-se quase sempre o novo. Sinto que o ensino está feito de modo a não levar as pessoas a pensar e, pelo contrário, o êxito parece ser oferecido. Consome-se muita mediocridade. Infelizmente, essa é a imagem que tenho.
- Quais os pontos-chave de O Ensino do Português?
O livro está dividido por ciclos.
Analiso o que se passa no primeiro, segundo e terceiro ciclos do Ensino Básico e também no Secundário. Abordo a TLEBS (Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário), porque acredito que a gramática está a ser esquecida em proveito de uma terminologia profundamente estéril. E não estou sozinha, pois linguistas de renome, mencionados na obra, concordam comigo. Refiro-me também ao programa Novas Oportunidades, algo profundamente fraudulento. Revela um enorme desrespeito por quem se inscreve pensando que vai voltar a estudar. Não vai. Há ainda uma crítica em relação aos novos programas do Ensino Básico, coor-denados pelo prof. Carlos Reis.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
MARIA HELENA DA ROCHA PEREIRA
Destaco da entrevista duas respostas a outras tantas questões:
- Então, não se falava ainda em educação bilingue ...
Felizmente. Esse é um erro que considero fatal. Primeiro deve-se saber bem a língua materna, muito bem aprendida com quem a escreve bem e não com textos de qualquer espécie. Num país como o nosso, que tem a sorte de ser monolingue, é um erro o que está a acontecer com o ensino do Inglês na instrução primária. Nos países bilingues, a questão pode pôr-se de outro modo.
- Que importância teve para si o aprender de cor?
Imensa. Muito ao contrário da ideia actual de que o memorizar é uma espécie de trabalho de segunda ordem, ou até talvez indigno, a memória está na base de tudo. É o primeiro plano que leva ao desenvolvimento da inteligência. Sem um certo número de conceitos e dados e palavras que têm que necessariamente passar pela memória, não se vai mais para diante. Memorizar não é um acto passivo: é colocar as bases de todo o edifício. Porque até a Filosofia começa por sabermos as respostas que vários pensadores deram a diversos problemas. A partir daí, talvez sejamos capazes de fazer alguma coisa. Talvez ... Não é certo.
domingo, 6 de junho de 2010
A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO OCIDENTAL
Hoje, os outrora excluídos da mesa farta, que cuidaram da educação com disciplina e cuidaram da manutenção de valores, estão a sentar-se a essa mesa farta. Os habitantes da civilização ocidental, que se demitiram de quase tudo, por ociosidade da gordura, e que até se demitiram da sua própria defesa, vão ter de abandonar essa mesa. Porque não estudaram, com disciplina e eficácia, vão ser subordinados dos outrora excluídos, que estudaram e vão dominar o saber. Vão empobrecer, e como tal vão deixar de gozar os prazeres, que ultimamente cultivavam. E, porque pobres, vão ter de labutar e perder as regalias. A soberba, entretanto, já a perderam. Já só são decadentes.
E como irão reagir os outrora excluídos? Com complacência? Sem vinganças? Pois, isso é futuro, e a resposta está mais além.
P.S. Aconselho a leitura da entrevista do economista Jeff Rubin, aqui.
Também aconselho que vejam dois filmes canadianos:
A DECADÊNCIA DO IMPÉRIO AMERICANO
AS INVASÕES BÁRBARAS
Mas vejam-nos nesta ordem que indico, pois um dá sequência ao outro que é passado vinte anos depois com as mesmas personagens e os mesmos actores. O entendimento do mundo vinte anos depois.
sexta-feira, 4 de junho de 2010
TRÊS EIXOS NA CONVIVÊNCIA HUMANA.
A liberdade é, hoje, algo que está, relativamente, implantado. É avaliada por três ângulos: liberdade de pensamento, liberdade de expressão e liberdade de movimentação. Tirando os países dirigidos por fundamentalismos religiosos, os países dirigidos por cleptocracias, os países dirigidos por sanguessugas da pobreza, os países dirigidos por oligarquias cleptómanas e os países sujeitos à potência de multinacionais mais poderosas que os próprios países, a liberdade existe. Se calhar, tirando estes países todos assim dirigidos, já restam poucos países onde os humanos podem ser livres. Dos três ângulos da liberdade, o que está em melhor estado é o da liberdade de expressão, pois com tantos meios para o fazer o melhor é expressarem-se bastante, resultando que, com tanto ruído, pouco se houve, sendo assim irrelevante. O ângulo pior é, sem dúvida, o da liberdade de pensamento. As pessoas pensam, mas como já não sabem pensar por lhes limitarem, por várias formas, o acesso à dúvida e à reflexão, o que pensam reflecte, mas não é reflectido, o que lhe põem à disposição da sua atenção. Cultura de massas, carneirada, povo que mais ordena, povo soberano, maturidade democrática, são alguns epítetos, entre outros, que reflectem essa falta de liberdade de pensamento.
A igualdade é um eixo que está muito mal interpretado. Igualdade é nos procedimentos, não nas pessoas. Não há duas pessoas iguais. Agora deviam, os cidadãos, era ter igualdade de oportunidades, e depois cada um que se desenvencilhasse segundo as suas capacidades, e de forma honesta. Igualdade perante a lei, que deveria tratar os cidadãos por igual forma e critério. Mas como dizem, somos todos iguais, mas uns são mais iguais que outros.
A fraternidade é um eixo que está muito bem implantado, mas no que diz respeito aos egoísmos.
Posto isto, devo inferir que o panorama não é brilhante. Mas sobretudo pela falta, aqui, de outros dois eixos que são fundamentais. E que vão para lá das relações humanas. Esses eixos são a HARMONIA e o RESPEITO para com a natureza. Enquanto a humanidade não tiver liberdade de pensamento para se ajustar ao pulsar da natureza não haverá grande optimismo face ao futuro.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
A REPÚBLICA PORTUGUESA É MONÁRQUICA
quarta-feira, 19 de maio de 2010
DESNORTE
quinta-feira, 13 de maio de 2010
O DRAMA NOS AÇORES NÃO É PENSAR-SE PEQUENO. É PENSAR-SE FECHADO.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
POUPANÇA É CONFIANÇA
quinta-feira, 29 de abril de 2010
E OS QUE FIZERAM AS ASNEIRAS QUE LEVARAM O PAÍS A ESTE ESTADO, SAEM IMPUNES?
segunda-feira, 26 de abril de 2010
EU JÁ VIVI O VOSSO FUTURO
A URSS era governada por quinze pessoas não eleitas que se cooptavam mutuamente e não tinham que responder perante ninguém. A UE é governada por duas dúzias de pessoas que se reúnem à porta fechada e, também não têm que responder perante ninguém, sendo politicamente impunes.
Poderá dizer-se que a UE tem um Parlamento. A URSS também tinha uma espécie de Parlamento, o Soviete Supremo. Nós, (na URSS) aprovávamos, sem discussão, as decisões do Politburo, como na prática acontece no Parlamento Europeu, em que o uso da palavra concedido a cada grupo está limitado, frequentemente, a um minuto por cada interveniente.
Na UE há centenas de milhares de eurocratas com vencimentos muito elevados, com prémios e privilégios enormes e, com imunidade judicial vitalícia, sendo apenas transferidos de um posto para outro, façam bem ou façam mal. Não é a URSS escarrada?
A URSS foi criada sob coacção, muitas vezes pela via da ocupação militar. No caso da Europa está a criar-se uma UE, não sob a força das armas, mas pelo constrangimento e pelo terror económicos.
Para poder continuar a existir, a URSS expandiu-se de forma crescente. Desde que deixou de crescer, começou a desabar. Suspeito que venha a acontecer o mesmo com a UE. Proclamou-se que o objectivo da URSS era criar uma nova entidade histórica: o Povo Soviético. Era necessário esquecer as nacionalidades, as tradições e os costumes. O mesmo acontece com a UE parece. A UE não quer que sejais ingleses ou franceses, pretende dar-vos uma nova identidade: ser «europeus», reprimindo os vosso sentimentos nacionais e, forçar-vos a viver numa comunidade multinacional. Setenta e três anos deste sistema na URSS acabaram em mais conflitos étnicos, como não aconteceu em nenhuma outra parte do mundo.
Um dos objectivos «grandiosos» da URSS era destruir os estados-nação. É exactamente isso que vemos na Europa, hoje. Bruxelas tem a intenção de fagocitar os estados-nação para que deixem de existir.
O sistema soviético era corrupto de alto a baixo. Acontece a mesma coisa na UE. Os procedimentos antidemocráticos que víamos na URSS florescem na UE. Os que se lhe opõem ou os denunciam são amordaçados ou punidos. Nada mudou. Na URSS tínhamos o «goulag». Creio que ele também existe na UE. Um goulag intelectual, designado por «politicamente correcto». Experimentai dizer o que pensais sobre questões como a raça e a sexualidade. Se as vossas opiniões não forem «boas», «politicamente correctas», sereis ostracizados. É o começo do «goulag». É o princípio da perda da vossa liberdade. Na URSS pensava-se que só um estado federal evitaria a guerra. Dizem-nos exactamente a mesma coisa na UE. Em resumo, é a mesma ideologia em ambos os sistemas. A UE é o velho modelo soviético vestido à moda ocidental. Mas, como a URSS, a UE traz consigo os germes da sua própria destruição. Desgraçadamente, quando ela desabar, porque irá desabar, deixará atrás de si um imenso descalabro e enormes problemas económicos e étnicos. O antigo sistema soviético era irreformável. Do mesmo modo, a UE também o é. (…)
Eu já vivi o vosso «futuro»…
quarta-feira, 21 de abril de 2010
E a Alemanha veio ao de cima desde a reunificação.
Eu detesto teorias da conspiração, mas esta preocupação, para não dizer perseguição, das agências de rating à economia portuguesa, que representa apenas 1% na economia europeia, faz pensar que o que está verdadeiramente em causa é o euro. Depois da Grécia, segue-se Portugal. A seguir virá provavelmente Espanha, depois a Irlanda, quem sabe a Itália... Como se tem visto, o euro está a acusar esta instabilidade e tem-se vindo a depreciar face ao dólar.
É claro que parte da responsabilidade cabe à própria União Europeia. A resistência da Alemanha, por razões de política interna, em apoiar a Grécia está na base da turbulência. Frases vindas de Berlim como "não vamos deixar a Grécia afogar-se, mas em vez de soltar já a bóia de salvação, vamos primeiro procurar que chegue a terra sozinha" são de uma enorme irresponsabilidade. Depois, a ideia de envolver o FMI no apoio aos gregos transmite uma imagem de impotência e incapacidade da União Europeia para ajudar os membros do euro a resolver os seus problemas, sendo necessário recorrer a ajuda externa. O que daí decorre, obviamente, é que o bloco europeu não é capaz de defender a sua moeda, pelo que o ataque ao euro vai certamente prosseguir, testando os limites da resistência da eurolândia.
NICOLAU SANTOS, no Expresso de 27 de Março
Ou me engano muito ou mandar a Grécia para os braços do FMI é um verdadeiro 'golpe de misericórdia'. Como os gregos não parecem ter o discernimento de concluírem eles próprios que não podem continuar no euro, e os alemães querem evitar o que não deixaria de ser considerada uma falta de cortesia, mandando-os embora, ou me engano muito, ou o FMI acabará por resolver o problema.
DANIEL BESSA Texto publicado na edição do Expresso de 27 de Março de 2010
O ministro das Finanças da Alemanha (e a seguir Angela Merkel) propôs que países da eurozona que não cumprissem as suas obrigações de rigor pudessem ser expulsos dela. A ministra das Finanças de França verberou a política macroeconómica da Alemanha: salários baixos e exportações altas prejudicam a França e os outros parceiros do euro. Porque o eixo franco-alemão não sobreviveria a confrontação constante os desequilíbrios existentes terão de ser corrigidos. Será difícil e a cigarra vai ganhar um pouco mais à formiga. Entretanto, o vice-primeiro-ministro grego, furioso com tiradas moralistas de Berlim, acusou os alemães de nunca terem devolvido o ouro roubado ao Banco da Grécia durante a ocupação nazi. A culpa ainda não está expiada.
José Cutileiro
Texto publicado na edição do Expresso de 20 de Março de 2010
O general inglês lorde Ismay, primeiro secretário-geral da NATO, a quem perguntaram para que servia a organização, respondeu: Para ter os americanos dentro, os russos fora e os alemães em baixo. (…) Os americanos já não estão tão dentro da Europa Ocidental quanto Ismay entendia ser prudente que estivessem. Os russos, por sua vez, já não estão tão fora dela quanto Ismay gostaria de os ver. (…) E a Alemanha veio ao de cima desde a reunificação. (…)… convém lembrar que o projecto europeu começou com a Alemanha de rastos e desenvolveu-se enquanto ela ganbava forças. A questão que se põe é - como vai a construção europeia adaptar-se a uma Alemanha forte? Ou, melhor, como vai uma Alemanha forte adaptar-se à construção europeia? Não sabemos ainda.
José Cutileiro
Texto publicado na edição do Expresso de 27 de Março de 2010
terça-feira, 13 de abril de 2010
segunda-feira, 12 de abril de 2010
A MAIOR AMEAÇA À AUTONOMIA É A NÃO SUSTENTABILIDADE
sábado, 10 de abril de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
EMOCIONALMENTE INFANTILIZADOS
Frei Betto
Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.
Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?'
Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...' 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos:
'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...
A palavra hoje é 'entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. ' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:
"Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !"
sábado, 3 de abril de 2010
EM PORTUGAL NENHUM DEPUTADO TEM ESTA CORAGEM
E depois vejam segunda vez. E façam comparações.
sexta-feira, 19 de março de 2010
segunda-feira, 15 de março de 2010
TEMPOS SIMILARES
Em Março de 2007 já publiquei a capa desta revista. Repito hoje porque se deve reflectir na data da revista e na legenda da foto. Vivemos tempos de crise, de que temos uma boa imagem no artigo citado no post anterior.
São tempos para reflexão. Reflictam mas não me citem o passado. O que fomos, fomos. Mas já não somos. Discursos sobre pseudo glórias não nos levam a lado nenhum. Fazem-se demasiados discursos sobre como fomos grandes, sem que nunca se diga qual a escala de grandeza por onde se pautam nessas afirmações.
Temos de reflectir no que somos, hoje. Porque estamos na situação em que estamos. Não serve só falarmos de medidas de austeridade. Deve-se exigir as razões da má gestão e pedir responsabilidades a quem tomou medidas erradas. Ou continuamos a pactuar com as impunidades e os enriquecimentos ilícitos? E para que é que eu estou para aqui preocupado com estas questões? Para nada. A maioria dos portugueses preocupa-se é com os resultados do futebol e com a cor do carro dos jogadores. Ah!, e também com o que comem ao almoço antes dos jogos. Que deve ser algo importante, por as televisões estarem sempre a falar nisso, mas eu não percebo a importância do tema.
Tenho receio pelo futuro. É um tema constante por aqui. Temo que os mais novos irão pagar um preço demasiado elevado pela estupidez das gerações anteriores. Não só económico. O preço mais caro será pago pelo mau uso, actual, da democracia.
E FOI DITO
segunda-feira, 8 de março de 2010
SUCESSO OU FELICIDADE?
Mas hoje qual é a existência das crianças e dos jovens? Tiraram-lhes a liberdade. Já não brincam. Há por aí uns gurus da educação, com padrões estereotipados, que deturparam os objectivos da educação. As crianças têm de ser sempre vigiadas. A segurança impõe isso. Deixou-se chegar a insegurança e a ineficiência da justiça ao actual estado. Não usam o espaço público, a não ser em manifestações de manada, e para serem cool, sempre na perspectiva do pai, ou da mãe, ou de ambos se ainda estiverem casados. Depois a criança tem de ter sucesso. Ou seja, tem de vir a ter um percurso para ganhar muito dinheiro, para ter um muito bom carro, para exibir, uma muito boa casa, que na prática pouco usa, por só lá dormir, uma casa no Algarve, onde se esfalfa para lá chegar no seu muito bom carro, para voltar ainda mais cansado do que foi. E tem de ter uma parafernália de objectos eléctricos e electrónicos para exibir às visitas, mesmo que pouco proveito tire deles, e é quando os sabe manejar em pleno. E para alcançar esse sucesso tem de competir. Mesmo que não queira nem lhe apeteça. Tem de competir. Que é o que os paizinhos fazem com as suas crianças, competem com os outros pais. E competem na escola, na música, no ballet, na ginástica, na natação, na esgrima, no coro da igreja e na má educação. Competem. Não brincam. Sempre fechados em casa, onde são feitos prisioneiros da segurança, do conforto, e da competição. Têm tudo ao seu dispor para se poderem valorizar, no seu sucesso, lá em casa. Têm uma vida vazia de existência. Vivem um mundo virtual. Começam mal e acabam pior. Podem ganhar dinheiro, mas não se realizam. Podem ter sucesso, mas não passam de uns patifezinhos. E depois serão incapazes de se relacionarem de forma estável e não virtual. Irão sempre reproduzir, nos filhos, que entretanto terão no acaso, ou para fazerem parte do sucesso exibicionista, já no limite biológico para o fazerem, os mesmos modelos idiotas com que foram criados. Em cidades frias de humanismo, egoístas, onde só se pode subsistir na rua integrando um bando. Aqueles cujos pais não tiveram sucesso, ou dinheiro, esses estão mesmo na rua. Não competem, lutam. Têm de sobreviver. Para isso, lutam. Os de sucesso, egoístas, pouco lhes importam os da rua. Eles, formatados, vão tentar ter tudo. A qualquer preço. Carro, casa, filhos, posição, marido/mulher com influência e um par. No fundo, infelizes. Prisioneiros dum sistema que alimentam. Estragando uma sociedade que só podia evoluir com homens livres.
sexta-feira, 5 de março de 2010
MEDINA CARREIRA DISSE TUDO, EM ENTREVISTA
quinta-feira, 4 de março de 2010
NADA DE NOVO
CARTA @ AMIG@
Olá, Amig@, resolvi escrever-te
só para dizer... que não há nada de novo.
Olha, saí, meti-me no carro
e chegando ao semáforo seguinte
vi o mesmo pedinte
com que há anos deparo.
Dei-lhe uma moeda de vinte.
Na fila de trânsito,
vi as mesmas caras agressivas
por dentro dos vidros embaciados.
Sorrisos não vi, nem expressões vivas:
só olhares cansados.
Também quis entrar no café,
mas era tal a fumaça lá dentro
que achei melhor adiar o momento
e fugi dali a sete pés.
Deu-me para comprar o jornal,
mas também não sei para quê:
já ontem, na TV, disseram tudo igual.
Parece que o principal
é que caiu um avião no Mar do Norte.
Mas olha, tiveram sorte:
dos noventa só morreram vinte e tal,
incluindo um doente de Sida, por sinal,
a quem já tinham lido a sentença de morte.
Os pais do rapaz até deram graças
por ele ir de repente
e não o verem mais pela casa
a morrer lentamente.
Das famílias dos outros vinte e tal
é que não sei o que disseram,
não vinha no jornal,
talvez não tenha sido tão sensacional.
Como vês, vai tudo normal.
Passei ali pelos arredores
e lá estavam os arrumadores
à porta do Centro Comercial
a arrumarem os senhores doutores.
Também estavam uns ciganos vendedores
discutindo com eles um espaço vital
para estenderem no chão uns cobertores
onde exporem o material.
Mas apareceu um carro da polícia
e debandaram todos por igual.
Enfim, virão tempos melhores.
De saúde, olha, vou assim-assim,
uns dias pior, outros menos mal.
Que se há-de fazer? É fatal.
E assim cheguei ao fim.
Como vês, não há nada de especial.
Fica bem, ou, pelo menos, tu também, menos mal.
Beijinhos da
L.
(Leonor 1999)
quarta-feira, 3 de março de 2010
QUERIDA PÁTRIA
QUERIDA PÁTRIA
Ó meu querido País
Que tanto te tenho amado
Eu tanto por ti sofri
Só por ti eu ter lutado …
Querida Pátria Portuguesa
Dos tempos que por ti lutei
Passando fome e sede
E por ti também chorei …
Portugal minha Pátria
Que linda Bandeira é
Por ela também lutei
Fui para a guerra prá Guiné …
SANGUE SUOR E LÁGRIMAS
Sacrifícios sem igual
Gritos de raiva e de dor
Pra defender Portugal …
Sangue colorindo o chão
Tanto sangue derramado
Foi essa nossa missão
Por ter Portugal honrado …
Foi sangue nos combates
Lá na guerra derramado
Mas eu cumpri o que jurei
Pela Pátria ser Soldado …
Suor tanto suor
Em caminhadas a pé
Suor e tanto suor
Pela Pátria na Guiné …
Suor pelo clima
Naquele perigo então
Foi o sangue e o suor
Pra defender a Nação …
Lágrimas de sofrimento
Para a Pátria defender
Eram lágrimas de tristeza
Por camaradas morrer …
Lágrimas na juventude
Por nossa Pátria amar
Naquela guerra maldita
Lá naquele Ultramar …
Por ti Pátria lutei
E jurei por ti morrer
Como tantos camaradas
Na Guiné a combater …
Até fome eu passei
Sacrifícios sem igual
Com camaradas cantei
O Hino de Portugal …
Em matas eu caminhei
Em picadas percorri
Por ti Portugal lutei
Cansado não desisti …
Angola Guiné Moçambique
O sofrimento constante
Lutando por ti ó Pátria
E tu Pátria distante …
Dias e noites caminhei
No cacimbo e ao calor
Só Deus sabe o que passei
Lutei por ti com amor …
Por ti eu não tinha medo
Naquela guerra metido
Quando à Pátria regressei
Senti meu dever cumprido …
Naquela guerra metido
Rapazes da mesma idade
Foram anos que perdemos
Sem gozar a mocidade …
Hoje velhos combatentes
Cansados mas a combater
A Pátria nos desprezou
E só nos quer ver morrer …
Cansadinhos vamos vendo
Os heróis que na verdade
É quem anda a roubar
A matar e é cobarde …
Ó nossa Pátria querida
Não fomos heróis e lutámos
Com traumas hoje vivemos
Tristes mas ainda te amamos …
Hoje velhos combatentes
Temos Lutas a travar
Porque a Pátria que amamos
Essa nada nos quer dar …
Sucessivos governantes
Prometem e nada dão
Querem tudo para eles
São abutres da Nação …
Nesta Pátria os heróis
São os que jogam à bola
Que lutam pelo País
De calção e camisola …
Os heróis deste País
Com fortunas lá na terra
São heróis que jogam bola
E nós não fomos na guerra …
Nós não fomos heróis
Mas com bravura lutámos
Pela Pátria demos tudo
E traumatizados ficámos …
Nós não fomos heróis
Da guerra que não se esquece
A Pátria nada nos dá
A Pátria nem nos conhece …
Governantes que prometem
Só porque não nos quer ver
Sabem pois ser mentirosos
Não sabem o que é combater …
Não sabem o que é a guerra
Atacam bem de palavras
Não conhecem os heróis
E mesmo as espingardas …
Não vivemos em paz
E com a idade a avançar
Exigimos o que é nosso
Estamos sempre a lutar …
Nós que estamos cansados
Devíamos de descansar
E a Pátria que defendemos
Ela nos está a matar …
A Nossa familia sofre
Por nos ver a nós sofrer
A familia é a mesma
Que nos viu ir combater …
Estes nossos governantes
Que nos tentam iludir
Mandam outro para a guerra
Mas eram eles a ir …
Muitos de nós na miséria
Com ompostos a pagar
Para abutres do governo
Que ganham sem trabalhar …
Somos nós ex-combatentes
Camaradas da Nação
E os que não nos conhece
Sabem que temos razão …
Somos Nós deste País
Que mal nos tem tratado
ORGULHOSOS COMBATENTES
POR TER PORTUGAL HONRADO …
Albino Silva
Soldado Maqueiro
N.º 011004/67
CCS/BCaç 2845
GUINÉ 68/70
__________
domingo, 28 de fevereiro de 2010
TAL E QUAL, COMO SEMPRE, ONTEM E HOJE.
O FRACASSO
O observador imparcial chega a uma conclusão inevitável: o país estaria preparado para a anarquia; para a república é que não estava. Grandes são as virtudes [de] coesão nacional e de candura particular do povo português para que essa anarquia que está nas almas não tenha nunca verdadeiramente transbordado para as coisas!
Bandidos da pior espécie (muitas vezes, pessoalmente, bons rapazes e bons amigos - porque estas contradições, que aliás o não são, existem na vida), gatunos com seu quanto de ideal verdadeiro, anarquistas-natos com grandes patriotismos íntimos - tudo isto vimos na açorda falsa que se seguiu à implantação do regime a que, por contraste com a monarquia que o precedera, se decidiu chamar República.
A monarquia havia abusado das ditaduras; os republicanos passaram a legislar em ditadura, fazendo em ditadura as suas leis mais importantes, e nunca as submetendo a cortes constituintes, ou a qualquer espécie de cortes. A lei do divórcio, as leis de família, a lei de separação da Igreja do Estado - todas foram decretos ditatoriais, todas permanecem hoje, e ainda, decretos ditatoriais.
A monarquia havia desperdiçado, estúpida e imoralmente, os dinheiros públicos. O país, disse Dias Ferreira, era governado por quadrilhas de ladrões. E a república que veio multiplicou por qualquer coisa - concedamos generosamente que foi só por dois (e basta) - os escândalos financeiros da monarquia.
A monarquia, desagradando à Nação, e não saindo espontaneamente, criara um estado revolucionário. A república veio e criou dois ou três estados revolucionários. No tempo da monarquia, estava ela, a monarquia, de um lado; do outro estavam, juntos, de simples republicanos a anarquistas, os revolucionários todos. Sobrevinda a república, passaram a ser os republicanos revolucionários entre si, e os monárquicos depostos passaram a ser revolucionários também. A monarquia não conseguira resolver o problema da ordem; a república instituiu a desordem múltipla.
É alguém capaz de indicar um benefício, por leve que seja, que nos tenha advindo da proclamação da República? Não melhorámos em administração financeira, não melhorámos em administração geral, não temos mais paz, não temos sequer mais liberdade. Na monarquia era possível insultar por escrito impresso o Rei; na república não era possível, porque era perigoso, insultar até verbalmente o Sr. Afonso Costa.
(…)
Este regime é uma conspurcação espiritual. A monarquia, ainda que má, tem ao menos de seu o ser decorativa. Será pouco socialmente, será nada, nacionalmente. Mas é alguma coisa em comparação com o nada absoluto que a república veia [a] ser.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
A TRIPLA INCAPACIDADE
A evolução, nos últimos anos, não deixa dúvidas. Efectivamente, o produto registou um crescimento anual médio de apenas de 0,3% (2001 a 2009); a dívida pública bruta aproxima-se dos 80% e a total, directa e indirecta, terá subido de 88% para 100% do PIB (de 2005 a 2009) e o endividamento externo líquido de 38% para 104% do PIB (entre 2000 e Junho de 2009); o nível de fiscalidade ronda já os 38% do PIB (2008), correspondendo-lhe um dos mais elevados esforços fiscais da União Europeia, para o nosso nível de desenvolvimento; a taxa de desemprego, da ordem dos 4% em 2000, situava-se nos 7% em 2005 e excede os 10% actualmente.
Estes indicadores reflectem a tripla incapacidade do nosso sistema político e social para: (1) compreender todas as consequências de viver sem moeda própria e em mercado único, com a perda dos instrumentos alfandegário, monetário e cambial de intervenção do Estado; (2) promover a criação de condições estruturais que permitam a adaptação da economia portuguesa às novas realidades de um mercado global, livre e altamente competitivo; (3) rever as políticas orçamentais que têm contribuído para a desaceleração do nosso crescimento económico na última década e a crescente dependência financeira.