quarta-feira, 20 de setembro de 2006

VÃO DIZENDO, POR ALI E ALI.

A ideia de que o Ocidente deve promover a democracia ou a justiça é uma ideia colonial. Quando fala na "defesa da civilização" Bush repete à sua maneira os sermões da esquerda sobre o desespero e a pobreza das massas muçulmanas. Parece que "o homem branco" voltou a carregar o seu "fardo" e se prepara outra vez para reformar a terra. Felizmente, o "homem branco" já não quer reformar a terra, quer petróleo. Interessa ao islão (ou parte dele) vender petróleo e comprar tecnologia, interessa ao Ocidente comprar petróleo e vender tecnologia: e é bom que as coisas fiquem por aqui. Isto implica evidentemente inverter a política de Bush e Blair: da ingerência para a não-ingerência e de uma total tolerância interna (como em Inglaterra) para duras regras de cidadania. A confusão alimenta o terrorismo, a clareza contribui para o isolar e conter.

VP, Público de 15.09.2006


Quem lê livros não ignora que o nosso amável Portugal nunca deixou de protestar contra a corrupção: dos regimes, dos governos, do rei, da corte, da Igreja, dos partidos, dos políticos, dos padres, dos juízes, da administração central, das câmaras, da banca, da indústria, do comércio e da polícia. Uma sociedade pequena e pobre (e, por cima, católica) gera necessariamente corrupção. O número, o anonimato e a distância reforçam o rigor; a estreiteza, a convivência e a proximidade criam o mundo paralelo dos "compadres". Escrevi um dia que Portugal só "funcionava" pela corrupção. Caiu o céu. Infelizmente, é assim.

VP, Público de 16.09.2006

Não há uma solução política para a crise do Darfur. Depois de tanta morte e destruição, todas as partes deveriam ter já percebido que só um acordo político, em que todas as partes interessadas participem, pode conseguir que a paz chegue à região.Há 12 anos, a ONU e o mundo não cumpriram as suas obrigações para com o povo ruandês, num momento de necessidade. Podemos agora, em consciência, assistir passivamente e com indiferença à tragédia que se agrava no Darfur?

Kofi Annan, Público de 17.09.2006

O imperativo de superar os equívocos do multiculturalismo, no relacionamento com os muçulmanos na Europa, resulta da comprovação de que o propósito dos islamitas radicais é ressuscitar os tempos do enfrentamento militar entre o Islão e o Ocidente. O seu Calcanhar de Aquiles e a nossa vantagem flagrante advêm do fato de que os últimos séculos de convivência não podem ser ignorados. Comprovam que podemos (e devemos) coexistir pacificamente, o que não significa ignorar divergências e dificuldades.Em fins de 2005, na colaboração habitual que mantém em jornais europeus, Francis Fukuyama advertia para a necessidade da Europa reconhecer o que então denominou de "Jihad dentro de casa". A degolação ritual do holandês Theo Van Gogh (nome fácil de guardar pela associação, ainda que indevida, ao grande pintor), ocorrida em Novembro de 2004, por muçulmano nascido e educado na Holanda, correspondeu ao primeiro grande choque com uma realidade - que muitos ainda hoje parecem não ter levado em conta, inclusive responsáveis governamentais -, embora tivesse sido antecedido pelo atentado de 11 de Março daquele ano, em Madrid. Talvez devido a questões de ordem interna, este último se não passou em brancas nuvens, também não mereceu maior atenção. Contudo, os atentados bombistas de 7 de Julho do ano seguinte, em Londres, tiveram o mérito de repor o tema em seu devido lugar. Resumindo a questão em termos apropriados, escreve Fukuyama: "países como Holanda e Grã-Bretanha precisam de inverter as políticas multiculturalistas contraproducentes, que criaram refúgio para o radicalismo, e têm de reprimir aos extremistas."

António Paim, Público de 18.09.2006


Até agora, a Europa reagiu como se esta "aliança" não acrescentasse nada às ameaças que já existem de atentados terroristas. Por estranho que pareça, a ideia de que o risco diminui consoante as manifestações de compreensão de cada Estado por este tipo de grupos mantém-se inabalável. Numa cultura em que predomina a convicção de que tudo quanto aconteceu nos últimos cinco anos não é senão a violência do Ocidente a abater-se em ricochete sobre as suas próprias cidades, torna-se difícil aceitar a evidência de que o terrorismo não distingue entre colonialistas arrependidos e colonialistas por arrepender.

Diogo Pires Aurélio. DN de 19.09.2006

Cumprindo a habitual relação do previsto com os factos, aconteceu a outra coisa, isto é, aquilo que não constava nem das previsões, nem dos projectos, nem das promessas. O resto do mundo comprovou a lei da reflexividade utilizando a ciência e a técnica dos antigos poderes hegemónicos, mobilizou o capital de queixas para a retaliação e não para enriquecer a sabedoria da governança mundial, estruturou uma heterodoxia de combate, desactualizou a polemologia clássica fazendo do terrorismo global o conceito emblemático da entrada no novo milénio. Não faltam comentários no sentido de que esta nova era, de início muito convencionalmente marcada pelo 11 de Setembro, criaria também uma habitualidade das sociedades civis envolvidas pela fria táctica de sacrificar em primeiro lugar inocentes, isto para destruir ao mesmo tempo a relação de confiança dos cidadãos com os governos, e o modelo contratualizado da sociedade civil.

AM, DN de 19.09.2006

A LER COM ATENÇÃO

Os intocáveis
João Teixeira Lopes
O fim do contrato social do pós-Segunda Guerra Mundial e da regulação de tipo keynesiano, a partir de meados da década de 70, em particular após os choques petrolíferos, leva, por parte do capitalismo, a uma aceleração sem precedentes do tempo de circulação do capital: flexibilidade e volatilidade, cariz cada vez mais efémero dos produtos e mercadorias, estonteante velocidade dos fluxos financeiros, inovação tecnológica, automação, dispersão geográfica para zonas onde o trabalho é mais fácil de controlar...
Aliás, o grande sacrificado das grandes mutações é, precisamente, o trabalhador. As dificuldades económicas apontam-lhe a pistola: os salários têm de descer; o trabalho tem de passar de estável a precário; os despedimentos têm de ser facilitados ao limite; a organização colectiva do trabalho despedaçada, em nome da drástica e "urgente" necessidade de diminuição dos custos de trabalho e do aumento de produtividade, num cenário de competitividade global. Conhecemos, no concreto, o que tudo isto significa nos dias de hoje: códigos do trabalho amigos dos empresários; aumento do desemprego; empresas de trabalho temporário que contratam ao mês, ao dia ou mesmo à manhã; diminuição drástica do tempo de lazer e aumento disfarçado ou às claras da jornada de trabalho; disseminação, em todos os níveis de qualificação, de uma enorme violência psicológica, correlata pós-moderna do chicote esclavagista: ninguém ousa reclamar o pagamento das horas extraordinárias, nem, tão-pouco, sair à hora legalmente estipulada - o medo sobressai como nota dominante, impedindo solidariedades profissionais e/ou de classe ou a mera reivindicação de direitos elementares.
Nada disto seria possível sem um magma ideológico poderosíssimo, que consegue impor como pensamento dominante a selvajaria organizada através da disseminação do medo. Inevitabilidade e fatalidade, em suma, de uma nova era em que os domínios subtraídos ao lucro (serviços públicos) e a redistribuição (baseada em impostos progressivos e na taxação das grandes fortunas e das mais-valias) pertencem a um passado longínquo e cujos defensores seriam trogloditas fossilizados. Mas o pior desta constelação hegemónica é a culpabilização do próprio trabalhador e/ou desempregado: não há trabalho, os salários não aumentam, os direitos recuam? A culpa é individual (de cada trabalhador em si) ou colectiva (os trabalhadores em geral). Acresce, por isso, a uma enorme vulnerabilidade social (o trabalhador de hoje pode ser o desempregado ou o pobre de amanhã), uma gigantesca pressão individual subjectivamente vivida como depressão, pânico, autodepreciação.
Atente-se na repercussão e tratamento mediáticos de um relevante estudo do Instituto de Emprego e Formação Profissional. A ideia que por todo o lado perpassou foi a de que os desempregados inscritos nos centros de emprego, esses grandes malandros, não aceitam metade das ofertas de emprego! Ora, uma leitura um pouco mais atenta do relatório permite-nos facilmente concluir que: a) tal volume de ofertas resume-se a pouco mais de nove mil (quando os inscritos ultrapassam os 430 mil!); b) as razões assentam, principalmente, no desajustamento entre as qualificações dos trabalhadores e as ofertas empresariais (que tal contratar por tuta e meia um operário qualificado ou um quadro superior?), na mobilidade geográfica (morar no Porto e ir trabalhar para Castelo Branco...) e nas baixas remunerações, em geral inferiores ao próprio subsídio de desemprego!!!
Daí que importe falar agora na outra parte da relação. A burguesia nacional, desde os tempos do capitalismo mercantil e da política de transporte dos Descobrimentos, revelou-se, com raras excepções, mais propensa ao saque, ao lucro imediato e à exploração do que ao investimento produtivo, à inovação, à qualificação e ao risco. Os nossos maiores patrões prosperam nas grandes superfícies (hipermercados, centros comerciais), nas telecomunicações e na especulação imobiliária. Pouco mais. E lucram, desmedidamente, com um Estado que obriga os trabalhadores aos maiores sacrifícios e a uma violência social cada vez maior, fazendo, tantas vezes por eles, o trabalho sujo, como tem feito o Governo Sócrates (as promessas de criação de 150 mil empregos?; as anunciadas alterações à arbitrariedade patronal plasmadas no Código do Trabalho?; as novas regras de subsídio de emprego que penalizam os jovens?; a constante retórica do "privilegiado", que faz com que o velho desconfie do jovem, o trabalhador do público do privado, o precário do por ora estável?; o desinvestimento no ensino superior, que todos os anos tem menos dinheiro no Orçamento do Estado?).
Um Estado que não lhes cobra devidamente os impostos, isenta boa parte das suas mais-valias e favorece as fugas para os paraísos fiscais. Um Estado que assiste, impávido, sem sequer se questionar, a uma mais-valia potencial de 680 milhões de euros na Galp por parte do grupo Amorim, em apenas oito meses e a um lucro superlativo de 85 milhões de euros da Sonae no primeiro semestre deste ano. Mas nos centros comerciais, só para retomar o paradoxo, um quarto dos trabalhadores não tem direito a subsídio de refeição, mais de metade está em situação de precariedade (muitos sem contrato), trabalhando mais de doze horas. No entanto, ousar combater a exploração e os exploradores, que, de forma legal, com a cumplicidade do Estado e de forma ilegal, amiúde, roubam muita da riqueza que criam para si, é um crime de lesa-majestade que agita, em uníssono, os novos e velhos cães de guarda. Sociólogo
No Público de 14.09.2006. Voltarei a este artigo que transcrevo na íntegra, sobretudo para realçar o meu último destaque a azul.

VOLTEI DA CIVILIZAÇÃO

Fui só ali ao lado, a Espanha, mas já é uma diferença que, para quem se lembra bem do que era a dicotomia Portugal/Espanha na década de 60 do século XX, dá para desanimar ainda mais. Como é que nós nos fomos pôr nas mãos desta matilha que nos vai desgovernando. Onde é que os portugueses andam com a cabeça? E apetece-me citar a citação que Luís Filipe Borges, no SOL, fez de seu avô: « Netinho, eu sou daqueles que acreditam que estes políticos ainda hão-de transformar Portugal naquilo que a nossa pátria já foi, há muito, muito tempo … uma terra inóspita e selvagem, onde não vivia ninguém
A saga das maternidades e das escolas continua. Ontem vi na tv uma reportagem de crianças que têm, agora, de fazer 25 km para irem à escola. Uma delas, ainda muito pequenina, queixou-se da viagem e que tinha vomitado. Que martírio não será ir à escola para esta criança? Os pais vão ter de abandonar a aldeia e ir viver de vez para a sede de concelho, Freixo Espada-à-Cinta, ou ainda melhor, ir de vez para o Porto ou Lisboa. São as duas únicas localizações viáveis para a mediocridade dos nossos políticos.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

PASSE SOCIAL

Na sequência do post de ontem, hoje abordo a questão do passe social para os transportes públicos. Só existem, que eu saiba, em Lisboa e no Porto. Os outros portugueses não têm direito a tal mercê. Os sucessivos governos não querem saber dos portugueses que não estão na zona urbana da Grande Lisboa ou do Grande Porto. Assim também provam que o desenvolvimento do interior não lhes interessa, e como tal não lhes interessam os cidadãos. Não são necessárias nem as escolas nem as maternidades. As populações que se desloquem para o litoral, pressionem, e desenvolvam esse terror que é a selva da urbanização em Portugal. E a consequente péssima qualidade de vida que têm os cidadãos que se agridem nessa selva, vivendo num constante sobressalto de insegurança.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

TENHO DE ME REPETIR

A maternidade de Mirandela encerrou. Este tema já é recorrente por aqui. Mas insisto. Se a exploração financeira das maternidades do interior é deficitária, por via da desertificação demográfica, o encerramento delas mais não faz do que incrementar essa desertificação demográfica, bem como aumentar a pressão sobre o litoral com todos os inconvenientes. Isto é a demonstração cabal de que os sucessivos governos, do antes e do depois, não foram competentes para terem uma política de desenvolvimento sustentado para o país. E por isso Portugal está como está. Já não temos nenhuma grande cidade de fronteira. Mas do lado de lá, em Espanha, elas existem e com pujança. Espero que possam fazer a análise da diferença desse resultado entre Portugal e Espanha. Não é difícil.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

O MUNDO É, CADAVEZ MAIS, UM LUGAR INCERTO.

A distância entre a eloquência dos discursos a propósito dos conflitos do Médio Oriente e a minguada capacidade de oferecer recursos para uma intervenção pacificadora não tranquiliza quanto à existência de um plano fiável de contingência para a falência do diálogo energético. Uma situação de incerteza agravada pelo facto de as sedes de meditação e anúncio deslizarem para instâncias sem relação com a ordem jurídica internacional, contribuindo para o descrédito dessa ordem sem fornecerem uma janela de visibilidade para a confiança.

AM, aqui.

VÃO DIZENDO, ALI E ACOLÁ.


Ao contrário do que se costuma dizer, o mundo do futebol não é um mundo à parte: é um mundo que revela, como nenhum outro, a aflitiva indigência em que caiu Portugal.
CCS, aqui.

Ora este é um interesse público estruturante do Estado de Direito e sobrepõe-se de largo ao da presença de Portugal em competições internacionais e ao da salvaguarda dos prejuízos para os clubes e para os adeptos, em muito que isso pese àquelas futebolísticas entidades e por mais que colida com as enormidades que andam a perpetrar.


VGM, aqui.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

HIPOCRISIAS

Este tema da sexualidade é um tema muito candente por cá. Mas é sempre bom apreciar-se a opinião de alguém, que eu considero, com bom senso, noutro lado do mundo. Do post do Jorge Gajardo Rojas, do Chile, com toda a consideração, transcrevo o seguinte post:
LA PILDORA DEL DIA DESPUES EN QUE QUEDAMOS?
«Voces y manos al Cielo por repartir la pildora del dia despues a adolecentes de 14 años.Hace 10 años la sexualidad de los adolecentes chilenos empezaba a los 18 años.Ahora en algunos segmentos a los 12años.En algunas culturas las mujeres deben llegar virgenes al matrimonio.En otros se extirpan parte de los organos sexuales femeninos para no incentivar la presunta infidelidad.El problema adolecente chileno es lejos la falta de trabajo y una de sus consecuencias la droga.No es bueno imponerlos codigos morales personales o de una clase al resto del pais.Creo la Iglesia Catolica no tiene una respuesta como enfrentar el tema de la sexualidad en los jovenes.Un sacerdote una vez me dijo una gran verdad:"No puedo dar consejos a los que se casan porque nunca he estado casado".Los modelos parenterales influyen,pero los hijos quieren ver coherencia entre lo que se dice y se practica.El enfocar el problema de la prostitucion con medidas punitivas y moralistas es malo.Es signo de subdesarrollo.Todas las civilizaciones la han tenido,luego hay que reconocer la realidad y legalizarla.Con inicio de actividades y boleta incluida.El otro día vi en una cola del supermercado condones.El Condon previene en parte el VIH.Porque es malo fomentar su uso?.El 100% creo de las parejas chilenas usan anticonceptivos,la vida es dura y no se pueden tener los hijos que se quisieran,tendriamos que cambiar el modelo economico.Este condiciona las conductas de nuestra sociedad chilena.Entonces porque colocamos a los adolecentes en un nimbo como si el transito a ser adulto se diera por decreto,no tenemos mucha autoridad moral para negarle lo que practicamos,lo demás es hipocresia

terça-feira, 5 de setembro de 2006

MULTICULTURALISMO. O INSUCESSO.

Um bom artigo, aqui, sobre este tema. Destaco um trecho.
« ... Amartya Sen questiona os resultados do multiculturalismo - a palavra que tem estado na moda nos últimos anos na Europa e que caracteriza o modelo britânico de integração das suas vastas comunidades de imigrantes. Começa por elogiá-lo. A ideia pós-colonial de considerar toda a gente que chegava ao país, vinda sobretudo dos países da Commonwealth, como cidadãos com os mesmos direitos sociais, culturais e até políticos de que gozam os britânicos era boa e deu os seus frutos. Mas ninguém reparou que estava a ser distorcida quando deixou de distinguir entre a liberdade cultural, que é central à dignidade das pessoas, e a celebração e defesa de qualquer forma de tradição ou herança cultural, diz Sen. O prémio Nobel, cujo mais recente livro se intitula precisamente Identity and Violence, considera que esta distorção se deve a duas confusões. A primeira entre conservadorismo cultural e liberdade cultural. A segunda, a que faz da religião a principal ou mesmo a única marca definidora da identidade de uma pessoa, transformando essa identidade numa prisão. Em suma, diz Sen, o fracasso do multiculturalismo foi ter-se transformado numa "pluralidade de monoculturas separadas", negando aos membros de uma comunidade a possibilidade de escolha. Isto equivale a dizer que a identidade cultural e religiosa termina onde começam os direitos e liberdades individuais de cada um - o princípio fundador das sociedades democráticas liberais

EXTINÇÕES.

Já é muito tarde, mas começam a raciocinar e a chegar a conclusões. Mas já é muito tarde. As injustiças geradas entre os portugueses já fizeram estragos, sem soluções visiveis ou, pelo menos, não se vê vontade de solucionar. Há os portugueses de primeira, de várias corporações, e os outros, os trabalhadores por conta de outrem, ou seja, o sector privado.
Mas atente-se aqui neste trecho:
«O Governo resolveu actualizar, aliás em montantes geralmente despiciendos, alguns encargos da ADSE, o "subsistema de saúde" específico dos funcionários públicos, suscitando a ira dos seus beneficiários. Mas o remédio para os problemas daquele serviço deveria ser bem mais radical. Tratando-se de um serviço constitucionalmente problemático, financeiramente oneroso e socialmente iníquo, a solução está em extingui-lo.De facto, o sistema de saúde privativo dos funcionários públicos começa por ser constitucionalmente duvidoso (para dizer o menos). Tendo sido criado ainda nos anos 60 do século passado, no contexto profissional-corporativo do Estado Novo, a ADSE manteve-se como sistema obrigatório após a criação do SNS, apesar de isso contrariar a vocação universal e geral deste (assim o define a Constituição). Tal como os demais regimes privativos de segurança social e de saúde de base profissional, a ADSE constitui um resquício do corporativismo, sendo, portanto, anómala num sistema de serviços públicos universais de segurança social e de saúde, cuja criação após a Constituição de 1976 deveria ter levado à sua extinção como esquemas alternativos obrigatórios, ou à sua transformação em regimes suplementares facultativos

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

SOLUÇÕES, SOLUÇÕES, PARECE QUE É ALGO QUE NÃO HAVERÁ

Vai-se dizendo, por aqui e por aí.

«Não existe uma classe dirigente tradicional como em Inglaterra e, parcialmente, em França. A República jacobina e a ditadura do dr. Salazar deram cabo dela. Num país pobre, dependente e corporativo, o liberalismo (económico) é uma utopia. A classe média do sector público, que ocupa uma posição estratégica decisiva, não permitirá nunca uma verdadeira reforma do Estado. Os "negócios" (com uma ou outra meritória excepção) vivem directa ou indirectamente do favor oficial. Nenhuma política centralizadora (em nome da ordem, da eficiência ou da racionalidade) passará a resistência das clientelas partidárias da província

VPV, aqui.

«O fim de O Independente não representa apenas o fim de um ciclo: revela sobretudo o triunfo de um regime que destrói qualquer tipo de alternativa. Ou se se preferir, a impossibilidade de fugir ao pensamento único e ao "consenso mole" (para usar uma expressão de Francisco Louçã) em que nos enterrámos

CCS, aqui.

domingo, 3 de setembro de 2006

RAPINAR


A maternidade de Mirandela vai fechar. Fica naquela área só a de Bragança. Já vi que para algumas zonas daquela área Espanha é uma solução mais prática. Estes encerramentos, como já disse, são uma consequência da inexistência, ao longo de décadas, de politicas de desenvolvimento sustentado para o interior. A desertificação demográfica foi o resultado. Agora há que entender, também, que sem condições que permitam às pessoas ficarem não há forma de se fixar populações nem incentivar o desenvolvimento. As autarquias irão torrar dinheiro a fazer rotundas por onde não passarão mais de 20 carros por dia. Este é o cenário que as actuais politicas perspectivam para os próximos anos.
Mas não se iludam. Não é só o interior. Ontem soube-se de uma criança, vitima de queimaduras graves, que teria de ser transferida do Porto para um hospital da Galiza. Nem o Porto, nem Coimbra e nem Lisboa tinham capacidade de resposta. Mas em qualquer região de Espanha há resposta. Há que entender que em Espanha, qualquer que seja o partido no poder, sempre se trabalha para o bem comum e para o desenvolvimento do país. Em Portugal nunca o fazem e os aparelhos partidários, que se mascaram de Estado, só têm como objectivo rapinar o mais que podem.
Depois até achei piada quando altos responsáveis se coçaram todos quando confrontados que os 140 soldadinhos portugueses para o Líbano irão ficar sob comando directo espanhol. Não têm problema. O problema existe é no cotejo que se faz com Espanha, o que dá complexos de inferioridade no lado de cá. E o sistema venal português sabe-o muito bem e tenta evitar a todo o custo que a população interiorize essa diferença. Daí o controle que a informação, sempre disposta a agradar ao poder e aos senhores que mandam no poder, a quem está sujeita, executa sobre as noticias dos vizinhos.
Mas é para lá que nos socorremos para partos, para os queimados, para os estudantes universitários, etc., etc., etc.. O espanhóis até são muitos bonzinhos para nós. Nunca mais nos invadirão. Nós tratamos de nos submetermos por carências várias, e porque nunca fomos capazes de nos governarmos como deve ser. É uma fatalidade, ou melhor, uma burrice deste povo. Cuja vocação é sujeitar-se a ser governado por idiotas.

sábado, 2 de setembro de 2006

VIVÊNCIA PORTUGUESA

Diogo Vaz Pinto escreveu, aqui, um texto de que destaco:
«Parece-me, contudo, que aquilo que com maior força se retira do artigo não se liga tanto a passar crédito ou não a esta geração que mal ou bem se mistura muito com as mais velhas, acho que o tal fascínio pelo curto prazo é uma observação relevante e clara a partir de uma amostragem de comportamentos em escala absurda que nos permite retirar derivações muito variadas e que podem apontar-nos uma crise na cultura juvenil... Quem quiser perceber um pouco sobre as fraquezas tão evidentes nos hábitos desta geração que adoptou uma cultura marcada por tendências demasiado agressivas da moda tem que frequentar os espaços de encontro onde se verifica que há um caminhar no sentido da anulação da individualidade que procura encontrar resultados que supostamente todos desejam mas que no fundo são fórmulas ideais pré-fabricadas que se enfiam na cabeça de todos nós e acabam por nos ditar qual o estilo próprio que devemos assumir para nos afirmarmos... Não sei se percebem o que quero dizer mas a ideia que tenho é que de facto já não se sentem as escolhas, as opções nem as diferenças. Esta geração ruma ao sabor de um vento que sopra daqui e depois dali, troca as voltas a qualquer jovem que se sente na necessidade de estar sempre de olhos abertos para apanhar o quanto antes a mudança de sentido para estar à frente na linha da afirmação individual (em grupo)... Isto descaracteriza a pessoa e é verdade que as amizades são hoje contruções muito impessoais e que não respondem talvez nem minimamente às carências de afectividade, companheirismo ou identificação que todos desejamos e tentamos forçar... Mas esta força consegue alguns resultados - junta um conjunto de pessoas com os mesmos interesses mas muito viradas para si mesmas e talvez seja fácil de notar que a principal característica que se verifica nesta geração é um egoísmo (im)pressionante, uma atitude anti-social que consegue vingar num meio muito social, ou seja, há uma esfera de relações muito pouco coesas mas que se mantêm sempre e que permitem comportamentos perversos como aceitáveis e "normais" pela sua ocorrência constante e que já não provoca revolta e consequências graves... Tudo se desculpa.Os pais... Bem esses não têm nada a dizer, a não ser quando têm (casos raros mas ainda há alguns resistentes). A verdade é que o divórcio, mesmo dentro do casamento, acontece pela falta de regularidade dos ambientes fortuitos para a formação tanto dos pais como dos filhos,... Os pais divorciam-se um do outro (mesmo mantendo o casamento e o mesmo tecto) e divorciam-se dos filhos... Mas continuam a responder às necessidades que eles próprios (os filhos) impõem a si mesmos - toda um exteriorização de consumos e comportamentos que seguem as tais modas... E os filhos recebendo os subsídios de educação dos pais educam-se entre os amigos e aprendem a ser o que todos querem ser - estrelas... Estrelas no grupo de amigos, estrelas na televisão, estrelas do mundo da noite... Estrelas...É claro que estamos a falar de estrelas viciadas em comportamentos de desorientação, de uma facilidade absurda em se associarem a comportamentos extremos e que passam à história como supostas fases de crescimento... Mas ninguém cresce... Essa história de aprender com os erros é a maior desculpa da nossa geração que segue de erro em erro e acaba sempre sorrindo e achando que como aquilo já está para trás são maiores, mais vividos e melhores... Mas mudam de fases e há tempo para todas as fases chegarem até eles... Acontece que um dia chega uma fase mais extrema e muitos ficam agarrados a essa...Mesmo quando nada agarra o jovem ele anda por aí nesse vício da velocidade furiosa da vida, essa alucinante realidade da metamorfose do instante e o que acontece não é que se juntem os elementos positivos de cada momento fazendo-se uma aprendizagem construtiva no plano pessoal, não, as relações nascem e morrem de acordo com o soprar do vento, é sempre tudo feito segundo um contador que aprecia os facilitismos e todos apontam para a estrada e o caminho do que menos esforço exige e mais simples parece... Pois o que acontece é que as pessoas se perdem no caminho, tornam-se sinais que marcam a berma da estrada e neste lodo, neste lamaçal lá surge no meio do pântano uma flôr de lótus... Aqueles que salvam a cara dos outros e se afirmam pela diferença e capacidade superior, mas essa é a excepção...No fundo e digam o que disserem o futuro em Portugal é incerto e periclitante... Esta geração não está pronta para herdar um país que precisa de ultrapassar uma crise e enfrentar uma situação em que as pessoas estão habituadas a uma vida de confortos e vícios pagos pelo endividamento... Portugal precisa de uma consciência, uma vontade de mudar realmente e mais que isso Portugal precisa de regressar aos valores de austeridade e largar os comportamentos que não garantem nenhum tipo de felicidade mas que se mascaram como necessidades... è precisao deixar os luxos e a mania das despendas... Rocks in Rios e concertos, casinos, discotecas a cobrar consumos mínimos exagerados, roupas que custam muito mais do que valem, futebóis e outras merdas que fazem parte da cultura de entretenimento e lazer portuguesa têm que ser abortados... Temos que voltar ao que interessa, à formação, à ideia de que uma boa conversa em casa com um grupo de amigos e vá lá umas bebidas pode ser muito melhor que andar na passarele que se monta por esse país fora para uns oportunistas ganharem rios de dinheiro à custa da falta de educação dos hábitos dos portugueses... O desporto, as artes, a verdadeira cultura têm que renascer da falta de ocupação dos tempos livres com estas merdas que se afirmaram à custa de um nível de vida que tem uma qualidade vazia mas que parece cheio de charme e encanta as massas...Há que procurar os homens e mulheres que ainda se lembram de como era possível e fácil encontrar a diversão no antes deste carnaval de luxos...A mim não me parece que a minha geração esteja disposta a renunciar a esses privilégios não merecidos... Parece-me que já os sentem como direitos e por viverem agarrados ao curto prazo querem é o estoiro, o gasta tudo, não deixes para aproveitar amanhã o que podes aproveitar hoje... Não se enganem, não se deixem levar pela crença nesta miudagem da qual eu faço parte... Cada um vai meter as unhas e os dentes ao pano para ficar com a sua parte, de forma egoísta cada um vai puxar para si e o pano vai rasgar e não vai restar nada para ninguém... Parece-me que os novos, os bons serão os nossos filhos que vão herdar um mundo em que os valores morais serão novamente tesouros da alma e serão reanimados pela vontade e sobretudo pela necessidade...É verdade que esta geração não tem um plano para o futuro e é verdade que os nossos pais são melhores que nós e é verdade que nós estamos muito ligados ao hoje, ao logo à noite, aquela roupa para impressionar aquela gaja com as tetas grandes e que não se deixa apanhar por qualquer um... É verdade que nos podíamos chamar todos Zé Maria ou outra merda queque qualquer... Porque não interessa a originalidade a não ser que seja uma originalidade a curto prazo, se não nos seguirem não vale a pena ter uma ideia nova, o que queremos é o mar de gente à nossa volta, a aplaudir, a querer igual, a imitar...»

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

TODO O PORTUGUÊS QUE COMPRA CASA, PAGA SEMPRE DUAS: A SUA E OUTRA QUE O GOVERNO SE ENCARREGA DE DAR A UM QUALQUER CIDADÃO QUE LHE DÊ JEITO

É assim mesmo. O cidadão trabalha, paga impostos, compra a sua casa, com juros, normalmente, e vê os seus impostos irem para pagar casas para uns.
Claro que eu entendo que todo o cidadão deve poder habitar. Mas se não puder pagar, que arrende. Que o Estado intervenha nesse sentido, também entendo. Mas que os faça pagar renda de acordo com a capacidade de esforço do orçamento familiar. Nem que seja um Euro, se o esforço orçamental da família não der para mais. Agora dar casas? De mão beijada? Sem esforço? À custa do esforço dos outros que têm que comprar a sua própria casa? E qual a lição a tirar? Que em Portugal ninguém precisa de se esforçar, porque se for preciso o Estado dá uma casa, dá um ordenado.
Em Portugal os cidadãos ainda não perceberam para que servem os impostos. Ainda não perceberam que os aparelhos partidários, em nome do Estado, ou mascarando-se de Estado, que é o mais correcto de dizer, vão esbanjando o dinheiro dos impostos que deveriam servir só para fins comuns a todos os cidadãos. E nunca para subsidiar parcelas de cidadãos. A subsídio dependência é um dos entraves ao desenvolvimento do país. E a nossa economia é prenhe de medíocres por causa disso mesmo.

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

COMEÇO A IRRITAR-ME, COMIGO.

A desilusão é tão grande com o percurso deste país depois de 1974, que já começo a ver com outros olhos o "antigamente". Irrita-me começar a apreciar os valores que se cultivavam antigamente. Agora não há valores. Já se começa a ouvir com muita insistência que no tempo do Salazar não havia esta pouca vergonha. E não havia. Isto agora está entregue a uma cáfila. Lembrem-se que o Salazar morreu pobre. O Marcello Caetano também. Hoje não se vê a malta dos aparelhos partidários morrerem pobres. Pobre país.
E a população não se revolta. O que não me admira, porque não há memória de alguma vez se ter revoltado. Pontualmente aqui e ali um esboço de revolta, mas sem grandes consequências. É um povo amorfo. Será, como é hábito, espoliado e maltratado. Já nem se indigna. É um povo que nem merece a independência que tem.

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

A DEMOCRACIA SUJEITA ÀS MÁFIAS DOS APARELHOS PARTIDÁRIOS


Quando os estados se deixam dominar pelos aparelhos partidários, mais não fazem do que incrementarem as actividades mafiosas. Se bem repararam, com a queda do Muro de Berlim, ficou bem visível que por aqueles países mais não se fez do que criar uma rede de máfias com mafiosos bem treinados, que agora se entretêm a incrementar o crime organizado não só nos seus países, como também nos “maus países capitalistas imperialistas”. Claro que é só para castigar esses países imperialistas, conforme sempre lhes foi explicado. E os aparelhos partidários dos países capitalistas aderiram porque acharam o exemplo muito bom, como acham sempre bons os exemplos de como roubar os contribuintes, e viver à custa desses mesmos pategos contribuintes.
A democracia criou os seus próprios monstros. E sofrerá com eles se não os eliminar com as mesmas armas deles.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

OS COMANDOS NATIVOS DA GUINÉ

Está a dar na RTP2 um documentário sobre o tema. Aquela malta que muito fala sobre o papel das forças armadas devia ver o programa e explicar porque nunca falaram sobre o assunto. Ainda querem que os sustentemos. Extingam as forças armadas antes que eles sorvam mais dinheiro aos trabalhadores portugueses. Calaram-se durante anos. O que lhes interessa é as mordomias e reformas chorudas. Mas calaram-se. E fizeram do pior que existe entre militares. Que é abandonar os seus homens à sua triste sina. Que moral têm para exigir agora meios para estas forças armadas que não têm utilidade. Calaram-se.
Como se calam para as questões dos ex-combatentes. Calam-se. Só falam para exigir mais dinheiro para os ordenados, para os seus subsistemas de saúde, etc. Só existem para o seu umbigo.

ONDE FALHA O PODER, GENERALIZA-SE O PODER.

Na integra, aqui.

UMA BOA DEFINIÇÃO DO PORTUGAL HODIERNO.

Esta, aqui no blog The Braganzzzza Mothers, é uma síntese muito bem feita da caracterização do Portugal actual. Transcrevo uma parte, sem os nomes lá citados.

« Os dez anos que se seguiram ficaram, para sempre, na História Nefasta de Portugal: pressupunha, o espírito dos próprios Fundos Estruturais, que a sua entrega fosse feita a estados membros com culturas civilizacionais ligeiramente superiores à atmosfera da Chicago dos Anos 20. Enganaram-se, os pares europeus: a tradição chupista portuguesa, que durante séculos conseguiu ter nas mãos os melhores recursos do Mundo, e nunca ter saído da cepa torta, a não ser no ridículo das anedotas espalhadas pelos povos vizinhos, ia, mais uma vez ensaiar a receita.
Entrámos para a C.E.E. como país da Cauda da Europa, e de lá saímos, 10 anos depois, exactamente na mesmíssima posição. Vinte anos depois, ainda estamos pior: somos a Cauda, não de 12, mas de 25. Pelo meio, fizemos desaparecer biliões; destruímos, com o betão e ódio típico pelo vegetal, todo o equilíbrio paisagístico; fizemos estradas assassinas, com revestimento a durar meia dúzia de meses; enterrámos a frota de pesca; transformámos a Agricultura numa paródia de importações de frutas e legumes verdes... dos outros, e mais caros; escaqueirámos as indústrias tradicionais; regredimos a níveis culturais típicos do primeiro Salazarismo, mas todos muito cheios de diplomas; multiplicámos universidades privadas, para dar guarida aos maus e menos maus que faziam sombra aos péssimos já instalados; assistimos ao emergir de piolhos políticos, …………………………………………………………………………….., entre outros; perdemos a humildade e ganhámos a ganância dos novos-ricos; não produzimos um único grande escritor, um grande músico, um grande pintor, um grande cineasta que fosse: em contrapartida, arranjámos um Clube da Mediania, que, desde então, fez fretes ao Sistema, para fingir que estávamos iguais a... "lá fora".
Subvertemos o tecido social de alto a baixo, convertendo, sem transição, rurais em drogados suburbanos do litoral; inventámos Bancos para lavar capitais; deixámos crescer monstros que impediam qualquer nível de liberdade do cidadão; multiplicámos cartéis, monopólios, oligopólios e outras formas de chulice, e chamámos-lhes, pomposamente "Livre Mercado"; ensinámos a medir o vizinho do lado pelo pouco que tinha a mais, ou a menos, do que nós; cultivámos o desprezo, a impiedade e a arrogância; bloqueámos o acesso à Realidade, através de "lobbies" de comunicação, que, diariamente, asseguram aquela ficção que, por sua vez, garante a manutenção do xadrez do "Sistema" e das suas reles peças; transformámos a "velha cunha", artesanal, na "nova cunha", industrial e impiedosa; adubámos os rostos da nossa miséria mental, Fátima, Futebol e o Fado, a níveis a que nem Salazar se atreveria; habituámo-nos a circular em carros, de luxo, em lamentáveis estradas de... lixo; tornámos o metro quadrado habitacional num dos mais caros da Europa, para podermos lavar, num só acto de compra de barraca, o máximo de capital; transformámo-nos num dos países do tráfico sujo de armas; somos a auto-estrada da Droga; desfizemos o Primado da Independência dos Poderes, que vinha da Revolução Francesa, indexando os tribunais às ordenanças dos políticos, e os políticos aos poderes dos capitais e das confrarias; preferimos ser governados por Sociedades Secretas; transformámos as estruturas do Estado em gigantescas metástases da Maçonaria, da Opus Dei, do "Lobby Gay", dos Construtores Civis, dos Traficantes de Drogas e de Armas; descobrimos que tínhamos políticos tão porcos e cobardes que faziam passar a sua sexualidade pelo abuso de crianças, e logo varremos o assunto todo para debaixo do tapete, como se nunca tivesse acontecido; punimos as vítimas e promovemos os culpados; desenvolvemos polícias e tribunais especializados em encobrir o Crime; criámos uma Máquina Informativa eficaz, que transforma todo o anterior num país de sorrisos; tornámos ministros, e primeiros-ministros, criaturas de perfil mais do que duvidoso, e que, num sistema correcto, teriam cadastro, e não currículo; elegemos, com maiorias absolutas, para autarquias, indivíduos que puramente deviam estar sentados na barra do tribunal; tornámos o Estado num cancro; bajulámos os lucros ilícitos de instituições mafiosas, cujos crescimentos roçam os 30%, à custa do permanente Branqueamento e da escravização financeira do pacato cidadão comum; vivemos numa permanente mentira; passámos do elevado diálogo cultural, entre civilizações, para um estado de guerra permanente, entre tarados fundamentalistas; integrámos o Racismo como uma necessidade quotidiana; transformámos a nossa liberdade individual num pântano de anátemas e de promiscuidades religiosas e morais, destinada a impedir a felicidade de cada um; baixámos o nosso nível, e a consciência de civismo, a um ponto tal que já não percebemos que nos assistia o simples direito de processar o Estado, à saída semanal de cada Conselho de Ministros, por permanente violação dos nossos direitos de cidadania; transformámos cada cidadão no espião do seu vizinho; reduzimos o nosso nível de leitura aos padrões medievais; castrámos a Juventude, através das cenouras dos bens supérfluos, e da criação de uma estrutura de comparações, onde quem não tem é, pura e simplesmente, liquidado; afundámos o sangue jovem nos desastres de mota, nos "racings", nas drogas, no álcool, nos químicos, na "Night" e na Sida.
(…)
Algures, numa obra que não posso precisar, Vergílio Ferreira afirma que, se enfiássemos uns óculos cor-de-rosa, em pouco tempo o cor-de-rosa desapareceria, como cor, por tudo ser visto através da cor de rosa deles. Do mesmo modo, para quem tenha nascido e sido criado neste estado de coisas, ele não é um aberrante estado de coisas, mas um mero, e simples, estado... natural. Bastava ter nascido 10 minutos, ou dez segundos, antes, para perceber que isto não era a Realidade, mas uns terríveis óculos cor-de-rosa postos à frente dessa mesma Realidade
. »

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

O QUE É, HOJE, UM DEPUTADO?

E faço a pergunta porque me lembrei do Dr. Jorge Gamboa, que foi um ilustre médico aqui na ilha e também deputado à, então, Assembleia Nacional. Aqui há uns anos atrás, num programa da RTP Açores, foi o Dr. Jorge Gamboa o entrevistado. E nesse programa relatou algo sobre a sua experiência de deputado. Recordo muito bem ele ter dito o quanto auferia nessa função de serviço à res publica, acrescentando que, naquele tempo das viagens demoradas de barco dos Açores para Lisboa, tinha de passar longas temporadas no Continente. Mas realçou que o que auferia não chegava para cobrir as despesas da estadia, pelo que tinha de pôr do seu bolso, ou seja, do rendimento que lhe advinha do exercício da profissão, então interrompida, ou de outros rendimentos próprios de família.

Deixo então a resposta à pergunta que faço no título do post aos leitores. Fazei vós mesmos o cotejo entre o antes e o actual dos deputados. Tirai vós mesmos a ilação.

domingo, 27 de agosto de 2006

E OS EX-COMBATENTES?


Anteontem ouvi, numa rádio, o General Loureiro dos Santos a referir-se à questão do envio de tropas para o Líbano. Na teoria e em abstracto até estou mais ou menos de acordo com o que o general exprimiu. Na prática, e no caso português, discordo.
Porque este empenho para Portugal participar em missões internacionais só serve a intenção de exibir alguma utilidade para as forças armadas. E o país não tem capacidade financeira para o fazer sem exigir ainda mais sacrifícios a uma população que já tem o pior nível de vida na União Europeia. E que para fazer qualquer coisa tem de se humilhar a pedir viaturas emprestadas, como foi o caso do Iraque. As forças armadas buscam desesperadamente acções que justifiquem as suas mordomias.
E não se vê empenho em exigir as devidas compensações aos ex-combatentes. Não se faz justiça aos ex-combatentes. Ao contrário de outros países as forças armadas portuguesas ignoram os ex-combatentes, pois só estão preocupadas é com as suas mordomias. Ignoram o país. Como tal não há razão para o país se sacrificar para manter umas forças armadas que, na minha opinião, já nada significam para o país, pois divorciaram-se do país. E o nosso vizinho é a Espanha. Se se fizer a comparação nem dá para pensar mais nas nossas forças armadas. Poupava-se logo mais do que suficiente para se pagar uma pensão muitíssimo justa aos ex-combatentes, para se poderem reformar em tempo útil, embora não tão útil como as saborosas passagens à reserva. E acabava-se com situações de injustiça face aos trabalhadores, que são, afinal, os sacrificados para se manter o país à tona, os únicos produtivos.

sábado, 26 de agosto de 2006

A FALÁCIA DO RELACIONAMENTO INTERNACIONAL

A vaga de emigração que avassala a Europa anda a despertar a atenção dos habitantes do velho continente. Que é um problema que só pode ser resolvido a montante e nunca a jusante. De repente reparo que as pessoas não têm noção do maquinismo do circuito de distribuição do dinheiro de solidariedade dos países ricos para os mais pobres. E é um esquema muito simples. Na Europa dão dinheiro, dos contribuintes, aos países pobres de África, por exemplo, para gerar desenvolvimento e, consequentemente, fuga da pobreza. Só que nesses países domina uma classe cleptómana, altamente corrupta, que se orienta desse dinheiro e dos recursos próprios do país. Com a conivência dos países dadores. Conivência e empenho. Porque só dão àqueles que aceitam negócios das empresas dos países dadores, que assim fazem grandes negócios e obtêm lucros fabulosos. Assim pode-se concluir que os contribuintes dos países dadores são os que sustentam com os seus impostos os enormes lucros das empresas dos seus próprios países. Porque escolheram os governantes adequados. Como eu já disse aqui, é fascinante.

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

A ORDEM ACTUAL NÃO É CONFIÁVEL

O Professor Adriano Moreira é incontornável quando fala de questões de geostratégia, de que é um mestre internacional. De um artigo, do DN, destaco:
«É evidente que a origem das iniciativas inquieta os críticos sobre a valoração da novidade, ao mesmo tempo que a crescente presença e importância das áreas culturais que chegaram recentemente ao diálogo internacional alarga as críticas às circunstâncias da origem ocidental das iniciativas e dos textos, dando realce à questão do saber se essa emergência de vozes será impeditiva de manter um direito internacional que radica nas decisões que foram tomadas depois da Guerra dos Trinta Anos, com os Tratados de Westefália de 1648.
(...)
Ao mesmo tempo que poderes assimétricos desafiam os antigos poderosos Estados, e tais Estados se organizam informalmente à margem das instituições consagradas pelo direito internacional, é o fortalecimento das jurisdições internacionais que apoia a decisão e urgência de conseguir reformular uma ordem internacional confiável.»

OS DOMÍNIOS PLANETÁRIOS

Uma outra opinião sobre um tema que por aqui venho aflorando, Ocidente versus Oriente. Mais um contributo para a reflexão. Na integra aqui:
«A segunda dimensão da situação actual nasce do confronto do Ocidente com a globalização. Cavalgando a onda do progresso, a civilização europeia convenceu-se do seu domínio planetário. O sucesso foi evidente, mas a hegemonia trouxe-lhe alguns dos traços decadentes dos antigos romanos. A complacência, arrogância e tibieza são crescentemente evidentes na sua atitude diplomática. Pretenso arauto mundial da paz e democracia, tem repetidamene violado esses valores e é cada vez mais considerado como opressivo ou ignorante. Por outro lado, a sua degradação de costumes, que considera desinibida e libertária, é desprezada pelas outras culturas como vil e debochada

terça-feira, 22 de agosto de 2006

DELEGAR O PODER É HOJE UM PROBLEMA DEMOCRÁTICO

Sou fã da sensatez e da erudição dos posts do Jorge Gajardo Rojas. E às vezes não resisto a citá-lo. O seu bom senso a isso obriga.
«El problema de tener el poder es olvidarse que en una democracia los electos sobre todo al Congreso son mandatados o sea como no todos podemos ir a legislar le damos un poder.Retrucan pero Usted me lo confirmó es cierto,pero otra cosa es lo legal y otro la reciprocidad y los compromisos morales.Estamos inundados de falsos paradigmas como si fueran los reales problemas de Chile la:La delincuencia,los temporales,cada accidente del transito o lo que pasa en el deporte o la faradula.No es cierto los reales son otros ,son la falta de desarrollo,la inequidad economica,la inequidad en la educacion,la falta de participacion politica,los poderes desmesurados de algunos grupos en relacion a los medios y el nivel de sociedad que es Chile.Cada vez mas la politica denuncia o pomposa va de capa caida,las encuestas lo demuestran.Es necesario delegar en las personas parte del poder en el cuerpo social.ya nadie cree en las politicas en blanco o negro o en una
vision policial de sociedad entre los buenos y los malos.»

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

IGNORÂNCIA DILETANTE


Em alguns blogs, comenta-se muito sobre o passado português, especialmente sobre o tempo da ditadura salazarista, sem se saber bem o que se passava. Ignorância diletante.
Isto vem a propósito da Legião Portuguesa. Porque se comenta como se todos os legionários fossem bandidos. Esquecem-se ou, simplesmente, ignoram que muitos portugueses pobres aderiam à Legião para beneficiarem de algumas migalhas que lhes podiam mitigar a pobreza. Disse há dias atrás, comentando noutro blog, que a Legião Portuguesa não passava de um agrupamento de maltrapilhos e esfomeados. Uma imagem talvez exagerada. Mas não confundir os quadros da Legião com o resto da tropa fandanga. A grande maioria aderia para ter emprego, é certo, mas também para terem roupa, acesso a médico e a medicamentos, que embora escasso, já era alguma coisa quando nada havia, substituindo assim a Segurança Social, então inexistente. Os “MENINOS” que hoje vivem num estado social com muita segurança garantida, nem imaginam a miséria que eram os anos cinquenta e sessenta, para já não referir os anteriores. E são esses “MENINOS” que hoje produzem opiniões alarves, sem perceberem o que era sobreviver nesses anos. Anos em que ter acesso à saúde era luxo.
Julgar pessoas que sofriam, ao tempo, os rigores da pobreza vigente, e que labutavam pela sobrevivência, não é moralmente aceitável, sobretudo quando os juízos são proferidos por idiotas que sobrevivem a sua mediocridade na militância mafiosa do actual regime.

domingo, 20 de agosto de 2006

HOJE OS BURROS ZURRARAM

Hoje houve as festas dos partidos políticos que eles, de forma exageradamente estúpida, classificam de reentrada política. Tretas. A única utilidade é a oportunidade que os burros têm de zurrar para a televisão.

sábado, 19 de agosto de 2006

A DERRADEIRA DEFINIÇÃO DO PCP

«E o PC, que está em risco de se transformar no sindicato do funcionalismo, anda como de costume perdido no mundo
Deu-a o VPV, aqui, hoje.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

O DESASTRE PREVISÍVEL

Eu, neste blog, venho-o dizendo nestes últimos dias. Hoje o VPV di-lo aqui. E destaco:
«Bush e Blair, sem apoio doméstico e em plena derrota no Afeganistão e no Iraque, recuaram; e da sombra saiu o sinistro Chirac. A Europa e a América decidiram de repente que a pequena querela entre Israel e o Hezbollah (um assunto local) não interessava particularmente ao futuro do mundo. Apesar do 11 de Setembro e de tudo o que a seguir aconteceu, o Ocidente não consegue levar a sério a ameaça do islamismo, como levou a sério a do comunismo. No fundo, o homem comum não acredita que uma civilização fracassada, miserável e medieval possa prevalecer contra a majestade da Europa e da América. Talvez sim. Mas pode, entretanto, empurrar a Europa e a América para um desastre difícil de imaginar e de reparar.»

O PDEC

Do que se trata é do processo de despolitização em curso (o PDEC, daqui para a frente) que existe em Portugal e um pouco por todo o lado no mundo ocidental. Aparentemente, os cidadãos estão totalmente desinteressados da política partidária.
Assim José Miguel Júdice explicou o conceito da sigla.
Mas a tese é interessante:
(...)
Para muitos dos que sobre este tema têm escrito, este desinteresse é um bom sinal.
(...)
Esta tese tem tanto de autodesculpabilizadora como de absurda. Se a democracia é o governo do povo pelo povo e para o povo, o aumento da abstenção só pode significar diminuição da consistência e da legitimação do regime democrático. Se assim não fosse, então o máximo de democracia seria a situação em que nem se marcassem eleições, pois ninguém se apresentaria para votar por estarem todos oficialmente muito contentinhos com as suas instituições. E a insensatez da tese é ainda maior se nos lembrarmos de que a forte abstenção tem como resultado o aumento do poder das minorias que se interessam pela política e que em regra são mais radicais e menos ponderadas do que a maioria dos cidadãos. A situação dos EUA é a este propósito exemplar, com os dois grandes partidos cada vez mais reféns de grupos organizados e radicais que condicionam e determinam a agenda política de um modo em que se não revê o cidadão normal.Em Portugal algo de semelhante se passa, com a "pequena" diferença de que entre nós a mobilização partidária tem sobretudo a ver com "tachos" e não com "valores".

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

TER RAZÃO PARA ALÉM ...

Do artigo de hoje, no Público, do Vasco Pulido Valente, destaco o seguinte:
«Em Portugal nada podia correr bem, porque, se corresse, ficava em causa a presuntiva excelência da ditadura. Na véspera da primeira eleição para a Assembleia da República, Marcelo escrevia: "Pela via aritmética, clamando que são eleitos pelo voto popular, vemos alçados ao poder analfabetos, traidores e desonestos que conhecemos de longa data. Alguns nem serviam para criados de quarto e chegam a presidentes da câmara, a deputados, a governadores civis e mesmo, quando não querem, a ministros." A democracia portuguesa era necessariamente uma farsa
O que é irritante é ter de dar-lhe razão, passados 30 anos, nesta parte da apreciação da nossa actual fauna política.

MARCELLO CAETANO

Não dá para, simplesmente, citar. Transcrevo na íntegra o post aqui colocado pelo advogado José António Barreiros, para não truncar o fio do pensamento dele:
«Nas suas lições de Direito Penal o Professor Marcelo Caetano lamentava-se de não as ter podido escrever melhor, mas, vencendo como professor o ordenado equivalente a um primeiro oficial, tinha, para fazer face às despesas de sua família, de se dispersar em outras actividades. Houve uma vez em que, tendo saído do Governo se viu na necessidade de advogar e conseguiu um lugar de consultor jurídico da Companhia de Seguros Mundial. Por gentileza da administração podia usar a sala de reuniões do Conselho de Administração para receber um ou outro cliente privado, pois não tinha dinheiro para suportar as despesas de um escritório. Ao ver, como vemos todos, aqueles que hoje se enchem à conta do Estado, os que entram para a política pobres e saem de lá anafados e bem instalados, tudo isto, que é uma memória dos tempos da ditadura, tem um sabor amargo. Digo-o, sabendo que isto é politicamente incorrecto. Quero lá saber! Cheguei àquela idade em que só uma coisa me incomoda: a mentira dos políticos e a ingenuidade dos que neles acreditam

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

FANTOCHADA

Depois de muito constatar, muito constatar, só posso concluir que as forças das seguranças, militares ou militarizadas, ou algures por aí, só existem quando uma câmara de televisão está presente. Até me diverti com aqueles “heróis” que foram ajudar nos incêndios na Galiza. Missão principal era falar para as televisões. Só não me divirto é com o tratamento que dão aos ex-combatentes. Mas eles não sabem o que é isso. Têm todos pose de Rambo, mas só mesmo pose. E para a televisão. É só fantochada.

terça-feira, 15 de agosto de 2006

LENDO AQUI E ALI


«Se não se conhecesse nos políticos lusitanos a tendência para o folclore mágico-discursivo, dir-se-ia que estas palavras correspondem à verdade.» Leia-se aqui o excelente artigo de Carlos Pacheco.

«Quero chamar a direita que quer modernizar o país, para pensar, sobretudo numa perspectiva liberal, questões como a economia, a reforma do Estado, o futuro da Segurança Social, o sistema educativo, a organização da Saúde.» Leia-se Pedro Ferraz da Costa no Expresso de 12-08-06.

«Há cerca de sete anos, o Médio Oriente era uma região estrategicamente equilibrada, com o Iraque fazendo frente às ambições de um Irão, onde os movimentos reformistas tinham colocado um seu próximo na Presidência da República. Os países árabes apoiavam os esforços dos EUA, na promoção de negociações que resolvessem o conflito israelo-palestiniano. O preço do petróleo, comparado com os preços actuais, era quase uma ninharia. A esta quase estabilidade presidiam uns Estados Unidos influentes, credíveis, poderosos, considerados por todos os países como a única superpotência que efectivamente contava.Depois de entrar em funções, a Administração Bush e os neoconservadores que nela pontificavam aproveitaram a tragédia do 11 de Setembro de 2001 para pôr em marcha um programa "revolucionário", que democratizaria o Médio Oriente, reduziria o preço do petróleo, acabaria com o terrorismo islamista e colocaria ponto final ao conflito israelo-palestiniano. Tudo, com o emprego da força militar, que faria florescer democracias... Sabemos o que aconteceu. Usando a expressão de Bush e Condoleezza Rice, o Médio Oriente já se transformou num "novo Médio Oriente", cuja principal característica é uma perigosa instabilidade, em vez da relativa estabilidade anterior.» Leia-se aqui Loureiro dos Santos.

«Falhada a gloriosa aventura do comunismo e desfeitos os sonhos da ideologia, resta à esquerda aprender a viver num mundo que a contraria e escolher um inimigo que lhe restitua a identidade perdida. O resultado deste duvidoso exercício é conhecido: um delírio teórico que despreza a realidade e um moralismo sem moral que leva à defesa dos pobres e dos oprimidos e ao elogio de regimes que sobrevivem (e sobreviveram) à custa de uma imensidão... de pobres e de oprimidos.» Leia-se aqui Constança Cunha e Sá

«O que está à vista, porém, tanto ou mais do que a necessidade de prevenir o terrorismo na ordem internacional, é a necessidade de regular na ordem interna de cada país, e do espaço europeu no seu conjunto, a coexistência de pessoas com matrizes culturais diferentes que integram a mesma cidade, gozam das mesmas liberdades e dispõem dos mesmos equipamentos colectivos.É verdade que os acontecimentos da semana passada revelam um enorme avanço na actuação conjugada das polícias. É verdade também que, à histeria dos que gritam que vem lá o fascismo ao mínimo reforço do controlo nos aeroportos, há já muita gente a defender que as liberdades não devem ser usadas de um modo tão irrestrito que sirvam o interesse dos que pretendem acabar com elas. Mas tudo isto será insuficiente, ou até marginal, enquanto se continuar a pensar as nossas sociedades como se elas ainda fossem, como dantes, homogéneas, rodeadas embora por uma periferia de imigrantes, os quais se governam a seu modo, com os seus códigos, os seus líderes e as suas obediências mais ou menos excêntricas em relação ao espaço público.» Leia-se aqui Diogo Pires Aurélio

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

É FASCINANTE

É fascinante como é que os cidadãos da Europa ainda não conseguiram constatar que esta democracia pós 1945 permitiu que as diversas máfias instalassem no poder os seus assalariados. Continuam a viver uma ilusão de uma democracia utópica. O acordar da ilusão, como é costume de tempos a tempos, vai ser doloroso. Não aprendem as lições da história e permitem que a ignorância vingue. Depois a tal mistura de ignorância e poder explode. É tudo tão previsível que irrita.

domingo, 13 de agosto de 2006

AS GUERRAS ONDE HÃO-DE METER OS EUROPEUS

Começam a aparecer muitas opiniões preocupadas com a desmotivação dos europeus para a auto defesa. José Cutilieiro, ontem no Expresso, expôs o seu ponto de vista sobre o tema de que destaco o seguinte trecho:
«Embora a prática seja incoerente e tortuosa – em 1999, os 11 membros da União Europeia que eram também aliados na NATO fizeram guerra à Sérvia sem aval do Conselho de Segurança da ONU – ­o princípio é esse e hoje muitos cidadãos europeus consideram a guerra um anacronismo obsceno.
Progresso moral? Talvez, mas não é o que julga o resto do mundo e convém prestar atenção porque poderá haver adversários suficientemente teimosos para não se deixarem convencer a bem e suficientemente hostis para, por sua vez, nos quererem convencer a mal.Por outras palavras: devem-se em princípio evitar guerras mas poderá ser impossível evitá-las. Ou porque, atacado, um país queira defender-se ou por se saber que não travar cedo o passo a um agressor é criar calamidades futuras maiores (Hitler e Munique). Infelizmente, discursos de políticos e orçamentos de defesa mostram que, com raras excepções, opiniões e governos europeus preferem ignorar estas evidências. Por julgarem que ninguém os atacará? Por continuarem a contar com os americanos? Não sei. O que sei é que tal atitude não prepara os europeus para um mundo sem guerra, prepara-os para perderem as guerras em que o mundo um dia os meter.»

sábado, 12 de agosto de 2006

QUEM OS SEUS INIMIGOS POUPA, ÀS SUAS MÃOS MORRE.

Esta é uma máxima velhissima e muito testada. A Europa vai morrer às mãos do inimigo que não quer combater. Os europeus, balofos, burgueses, cobardes, acomodados, instalados, subsidiados, imbecilizados por discursos serôdios de ideologias absurdas, anestesiados por meios de midia escabrosos que só visam lucros, dormentes e incultos por preguiça e ociosidade patrocinada, irão ser vitimas da sua própria inércia.

TERRORISMO - A SAGA

E continuando a falar das questões do terrorismo islãmico e da debilidade ocidental, ontem o Vasco Pulido Valente escreveu um artigo, de que destaco:
«Para começar, é bom perceber que uma operação desta envergadura não se improvisa. Exige um conhecimento técnico avançado, liberdade de movimentos, muito dinheiro e uma extensa rede de cumplicidades. Mais do que isso, precisa para se desenvolver de uma atmosfera favorável. O Ocidente, no caso a Inglaterra, oferece tudo isto aos terroristas. Respeita o seu direito à cidadania, protege a propagação de uma doutrina de intolerância e ódio e não pune, como devia, o incitamento à violência. Não estamos perante vítimas sem defesa de uma "globalização" cruel. Estamos perante gente sofisticada, que o Ocidente educou e deixou crescer.
(...)
Infelizmente, o homem médio da Europa e mesmo da América não acredita na realidade de um islão agressivo. A tese oficial da "minoria extremista", que a grande e virtuosa maioria muçulmana condena, encoraja a complacência e o desinteresse. Tirando o preço da gasolina, quem se importa com as querelas do Médio Oriente e do Afeganistão ou com o que dizem e não dizem em Hamburgo ou em Londres clérigos furibundos, de turbante e barba? Mas, desta vez, não basta não ver e não ouvir. O Ocidente perdeu a iniciativa e os foguetões do Hezbollah, que chegam a Haifa, também chegam a Inglaterra em forma de bomba. Não há maneira de ficar de fora. »

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

O TERRORISMO AÉREO

O terrorismo em aviões não é o problema maior. Mas mostra bem que o conhecimento da sua potencialidade põe a sociedade ocidental em desconforto. Os impérios não caem por acções externas. Caem minados no seu interior. E todo o mundo sabe disso. E estão conscientes disso. Os bárbaros só entraram depois do Império Romano estar já em debilidade. Actualmente os bárbaros estão entrando porque os impérios auto-debilitaram-se. E vão incentivando a minagem interior. Também a executam. Vão diversificando. O seu objectivo é acantonar os cidadãos do mundo ocidental dentro das baias dos seus medos. E está a resultar com bastante sucesso, pois a cobardia de cidadãos de vida burguesa acomodada está a vir ao de cima. E eles sabem-no. É tudo uma questão de tempo. Para os bárbaros da actualidade de conseguirem minar o suficiente e bastante. Para os outros o tempo de reacção para o estertor, que pelas tecnologias actuais pode ser demasiado violento e radical. A ver vamos. Só o tempo cura, embora não saiba qual a posologia a ser usada.

CABO DE TRABALHOS


Conforme venho dizendo, a Europa está baralhada. Não se encontra nem se alinha com o seu rumo. O que mais me preocupa é a questão da demografia. Os europeus vão soçobrar sob a explosão demográfica que os muçulmanos na Europa vão impor. E depois irão impor muito mais coisas. Dirão que este meu discurso não é muito politicamente correcto. De facto não é. Mas as evidências vão demonstrar que, se não se arrepiar caminho, o que acho hoje difícil, estarei certo no futuro. Ou então virá aí uma guerrinha daquelas correctoras de desvios de rumo. E aí todos sofrerão. Vai ser um cabo de trabalhos.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

POLVO

Sempre com a devida vénia, do Jorge Gajardo Rojas transcrevo:
«Todo lo que sea sangre es noticia.La reina de las noticias es la guerra en el medio oriente.La guerra se ha trasladado a las pantallas de television.Veinticuatro horas en la noticia dice la propaganda.Se ve Beirut a las 5 de la mañana ,el sol recien asoma y las bombas ya han llegado.En Haifa es la hora del atardecer y los cohetes tambien llegan.Parece una pelicula mal hilvanada,el polvo y el sudor de los que están en las calles y los lujosos salones donde se discute el cese del fuego.Sobre todo si los que asisten son poderosos.Hay abundante bandejas con frutas y agua mineral en las mesas,afuera falta todo,lo unico que sobran son heridos y lo que más falta es sangre que remplace la perdida.Vender la guerra es imagenes es tambien parte del negocio.Luego pasado el tiempo se podran hacer hasta peliculas.No es ciertoque hay muertes que sirvan para algo,alguien dijo cuando alguien muere una parte de nosotros tambien lo hace.Utopia o locura? declarar que estan proscritas las guerras,sino que sentido tiene hablar de que el ser humano ha llegado a la cuspide del Homo sapiens.»

terça-feira, 8 de agosto de 2006

GUARDAS DE UMA MEMÓRIA

E na sequência do que disse no post anterior aqui fica um trecho de um excelente artigo de Adriano Moreira no DN:
«Nesta entrada do milénio, em que as capacidades descoordenadas dos ocidentais são desafiadas em primeiro lugar pelo perigo agudo que ajudaram a instalar no Médio Oriente, e que cresce apoiado num comércio de armas que nenhum acordo conseguiu disciplinar, a China assume e proclama abertamente o seu interesse pela África, proclamação que os defensores de um espaço estratégico euro-africano, ainda que sejam hoje mais guardas de uma memória que entardeceu do que líderes de opinião, não podem deixar de avaliar

POIS, A REPUGNÂNCIA


Na sequência do que aqui, neste blog, foi posto sobre geoestratégia, não posso deixar de referir de uma frase dum artigo do Público de hoje: A repugnância europeia pelo uso da força, a convicção de que ela deve ser regulada e de que os que a usam em desrespeito dos valores e direitos fundamentais devem ser condenados tem de ser a característica fundamental da política externa da União. Isto classifico eu de lirismo. O conjunto dos valores e dos direitos fundamentais é um conceito só compreendido pela Europa e na Europa. A perigosa mistura de ingenuidade e de ignorância é que pode julgar que tal conceito é exportável. Não é. E não o entender é que tem levado a Europa para uma situação de falência a várias perspectivas, sobretudo da credibilidade e da convicção.
O espaço não europeu não joga, nem o quer fazer, com as regras europeias. A Europa, por razões que são demasiado extensas para expô-las aqui, teima em não querer perceber que já não é protagonista, mas sim vítima. E se não toma cuidado com a demografia e com a emigração, vai soçobrar. Porque os emigrantes não se querem transformar em europeus, e exigem, explorando as falhas e as ternuras europeias, que a Europa se transforme à sua medida. Os líricos não o querem entender. O tempo se encarregará de lhes demonstrar a realidade. Então já irreversível.

PODER

Poder é a capacidade que uma parte tem de impor a sua vontade a outra parte.
Quando não há essa capacidade há demagogia, conversa da treta, embuste, servidão de interesses obscuros e exógenos.
Manda quem pode, obedece quem deve. No limbo flutua a canalha cobarde.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

SERENO




Foi assim que vi o mundo, hoje.

domingo, 6 de agosto de 2006

INCÊNDIOS


Até à década de 60 havia uma economia rural que se sustentava muito da limpeza das matas e florestas. Roçava-se o mato para as camas dos gados nos estábulos. E também se roçava o mato para combustível doméstico, juntamente com todas as aparas e desperdícios das matas e florestas. As aldeias ficaram desertas, o interior ficou diminuído, e essa actividade da economia rural deixou de se executar, logo a limpeza das matas e florestas deixou de ser feita. É esse o preço que se paga por não se ter acautelada uma estratégia sustentada de povoamento. O encerramento das maternidades e escolas é, simplesmente, o corolário de não se ter cautelas.

sábado, 5 de agosto de 2006

ET VOILÁ

Estratégia e geoestratégia é isto que Constança Cunha e Sá escreveu ontem, aqui, no Público. É simples e claro. Para quem precisa de começar a aprender, pode começar por este artigo, não esquecendo um post daqui, BALANÇO, uma frase do Kissinger, há dias atrás.
«Entretanto, o equilíbrio da guerra fria, que os americanos se encarregaram de travar perante a indiferença de uma Europa entretida com o seu próprio bem-estar, foi substituído pela fúria dos fundamentalismos e pela internacionalização do terrorismo, revelando as fragilidades defensivas de qualquer democracia.
(...)
Independentemente dos sarilhos em que se meteu o sr. Blair, da notória debilidade do Governo do sr. Prodi ou da indigesta grandiloquência do sr. Chirac, a Europa dificilmente poderá ter um papel fundamental no Médio Oriente (ou em qualquer outra região do mundo), se não estiver disposta a garantir a sua defesa e a reconhecer que a guerra não é um encargo dos outros. Não há diplomacia, por mais bem-intencionada que pareça, que sobreviva à falta do poder de coerção que decorre da inexistência de uma política de defesa, capaz de assegurar os "grandes princípios humanitários" em que até aqui os europeus se têm refugiado. »

ENSINAR MAL CUSTA TANTO COMO ENSINAR BEM, SÓ QUE SAI MAIS CARO

Esta frase tem a chave do problema do sistema de ensino em Portugal. Vamos pagar, a prazo, um preço muito elevado por se andar a ensinar muito mal.

CENTRAR NA EDUCAÇÃO

Sempre com a devida vénia, transcrevo de Jorge Rojas:
«... El ex Ministro de Hacienda Eizaguirre planteó entre otras la idea de la necesidad de un Contrato Social entre los actores de la sociedad chilena para crecer màs rapido,el tema se centró en un area la educación.
(...)
Pero creo hay un ingrediente escondido,falta una filosofia para un sistema nacional de educación.Profesores bien pagados en cualquier sector pueden enseñar muy poco.Creo que un problema de la educacion chilena es la lejania con la realidad y su excesiva ideologizacion.Ejemplo,historia de Chile,no se puede enseñar una vision eterea de como se ha formado Chile que en el fondo es la historia de como los actores sociales historicos no han logrado el desarrollo de su pais.Otra area es la de los valores,la competitividad en si no es mala fomentarla pero el incentivo economico futuro no asegura que sea su unico motor.Lo decia el nuevo rector de la U. de Chile las distintas motivaciones de su Universidad para aportar al desarrollo,fortalecer la institucionalidad publica chilena,otras fortalecen la institucionalidad del campo privado.Convertir las escuelas de Pedagogia en Facultades de excelencia con estimulos y altos requisitos para el ingreso,un buen profesor para Chile es tan basico como tener mas ingenieros o más médicos. ... »

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

A GUERRA

A GUERRA

A guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.

A guerra, como todo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar muito
E alterar depressa.

Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer alterar.

Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza
Os pôs.

Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.

A química directa da natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.

A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.

Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as cousas pré-humanas, mesmo no homem!
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!



Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)

terça-feira, 1 de agosto de 2006

BALANÇO

A diplomacia "persuade não pela eloquência dos que a praticam, mas quando consegue alcançar o balanço correcto de incentivos e riscos." Henry Kissinger.

domingo, 30 de julho de 2006

A FRASE DO DIA

«Se for perdida é previsível que as suas consequências sejam cada vez mais gravosas em termos da estabilidade da paz mundial e também naturalmente do clash of civilizations.»

Rui Machete, aqui no DN

sábado, 29 de julho de 2006

O PORMENOR DO PODER DAS GRANDES EMPRESAS


Não sei se já repararam na intensificação das medidas da segurança higiénica nos produtos de consumo alimentar. A União Europeia chega a ser paranóica. Mas agora como é que todo o mundo deixa passar aquelas latas de refrigerantes com abertura fácil, em que a tampa da abertura desce para o interior e fica em contacto com o líquido? Estando em contacto com tudo o que não é higiénico como é que depois é permitido que vá contaminar a bebida no interior da lata? A leptospirose é um pesadelo nesta situação. Porque não se proíbe? Para não incomodar as grandes companhias americanas. É a única explicação possível.

sexta-feira, 28 de julho de 2006

A MARIA JOÃO PIRES EMIGROU

A Maria João Pires também emigrou. E também decepcionada com o país. Ela é uma artista de nomeada. Mas o seu caso é como o dos milhares de portugueses anónimos que são impelidos a emigrar. Decepcionados.
Claro que os políticos e a matilha dos partidários não estão decepcionados. Orientam-se bem à custa dos tansos dos portugueses.

CRESCE O NÚMERO DE PORTUGUESES QUE EMIGRAM PARA ESPANHA

«O país vizinho é agora o segundo destino da emigração portuguesa, segundo os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística espanhol (INE). É o que se noticia aqui
Nada que seja alheio ao que venho por aqui divagando. A falta de estratégia em Portugal leva a que os portugueses se aconcheguem na existente em Espanha. Procuram os portugueses meios de ganhar o pão, ter dignidade e conforto, que é coisa que lhes é negada no seu país. E como neste país nunca há culpados, ninguém se responsabiliza. Mas há sempre quem saque o dinheirinho. E todas as justificações servem, mesmo as mais absurdas.

RUMOS

Perguntaram-me onde estava a estratégia. Todos os meus post’s têm a ver com a estratégia, ou melhor, a falta dela. E o que me move é a frase que é o lema do blog.
Todos os dias vamos falando da educação, leia-se instrução pública, que se encontra num percurso catastrófico. O que irá conduzir a uma incrementação da ignorância generalizada. A mistura explosiva está a ser fabricada. E o problema não é só de Portugal. É muito generalizado. A I Guerra Mundial demonstrou que não tinha sido bem estruturada uma nova ordem mundial após a Revolução Francesa e a queda do “Ancien Regime”. A II Guerra Mundial foi a consequência da má “soldadura” da primeira. A Queda do Muro de Berlim demonstrou que as ordens mundiais são muito voláteis depois da Revolução Industrial. Os ritmos aceleraram-se com os desenvolvimentos tecnológicos com tendência de ser insuportável para os humanos as velocidades que se vão atingindo. Conforme se sair desta guerra israelo-libanesa, assim se verá qual o rumo da nova ordem mundial. Mas se os decisores e moderadores, com peso, forem os que menos sabem de história e menos entendem as mentalidades das sociedades, a tal mistura de ignorância e poder vai reflectir-se nesse rumo.

quinta-feira, 27 de julho de 2006

VIVER


Recebi por email.

quarta-feira, 26 de julho de 2006

A VACUIDADE

Hoje, aqui no Público, Rui Ramos com o artigo "O Número de Funcionários".

«Ninguém sabe, com certeza, onde começa e acaba, e se está a expandir-se ou a encolher. E basta este facto para revelar a vacuidade da política em Portugal.
(...)
O "número dos funcionários" não traduz apenas a expansão dos serviços públicos, mas a necessidade de criar, a partir de cima e rapidamente, as classes sociais pressupostas pelos projectos políticos de quem dominava o Estado. Não é surpreendente que, tendo crescido assim, o Estado tenha em si próprio o objectivo da sua actividade. É o que se pode deduzir da importância das despesas com os funcionários e do tipo de trabalho desses funcionários. Segundo Medina Carreira, o Estado português é, na Europa, aquele em que os vencimentos do funcionalismo absorvem maior percentagem dos impostos (45 por cento) e o único que gasta mais em vencimentos do que em transferências sociais. Os funcionários não só consomem uma grande parte dos recursos, mas trabalham sobretudo para si próprios. Em 2004, o Conselho Coordenador do Sistema de Controlo Interno da Administração Financeira do Estado revelou que apenas 40 por cento da actividade dos funcionários consiste em serviços e assistência directa aos cidadãos e às empresas. Sessenta por cento da actividade dos funcionários não tem esses fins de utilidade social: 51 por cento é consumida em burocracia interna e 9 por cento é simplesmente supérflua. É este o segredo do Estado português. Não existe para servir a sociedade, mas constitui, em si mesmo, uma sociedade que os restantes portugueses estão obrigados a servir através dos impostos. »

terça-feira, 25 de julho de 2006

PORTUGAL É TÃO ALEGRE

O poeta Manuel Alegre, que segundo se noticia, nem se lembrava de um emprego de meses na RDP, após o 25 de Abril, vai receber uma pensão de reforma desse trabalho. Para além de ser um bom exemplo como essa malta tem sempre uma grande facilidade em arranjar emprego, e bem remunerado, também isto realça a qualidade dos militantes partidários, dos políticos e porque é que contribuem para a felicidade dos portugueses.
Isto não é inveja da reforma dele. É só a questão do mérito que justifica a esta reforma, face a outros portugueses que trabalharam anos e anos, mas trabalharam mesmo e cumprindo horários e sendo produtivos. É também uma questão de justiça. Porque é que, para alguns, meses de trabalho justificam uma choruda reforma, enquanto que para muitos outros que não trabalham para o estado, ter uma reforma ao fim de muitos anos de trabalho e com os respectivos descontos, é uma batalha épica? Este país vale a pena? Assim não vale. Quem tem menos de 30 anos que fuja de Portugal.

JOVENS AMBICIOSOS DO SABER

Como eu sempre tenho dito não vale a pena evoluir-se nos estudos em Portugal. O país, em geral, não gosta de pessoas que evoluam. Prefere sempre nivelar por baixo. Também por isso não se desenvolve. Os bolseiros de investigação científica protestam. E ameaçam ir para o estrangeiro. Como venho repetidamente afirmando, quem tem menos de 30 anos, e se quiser afirmar pessoalmente, fuja de Portugal. Os portugueses, como têm demonstrando, não gostam de mudanças nem de pessoas que evoluam, porque isso desnuda o nada que valem fazendo saltar a mesquinhez que os corrói. Leiam aqui a notícia.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

SIMPLES

«Las circunstancias en las que se desarrolló el conflicto convirtieron a Badajoz en un marco espacial en el cual se dieron muy diferentes cuadros represivos. AI no lle­garse a producir el levantamiento militar, la provincia quedó durante unas semanas en manos de rudimentarias instancias de poder popular. La quiebra de las institucio­nes republicanas, sobre todo de sus instrumentos de control social, originó un pro­fundo vacío de poder. Esta situación favoreció todo tipo de excesos sobre las personas consideradas aliadas potenciales de los sublevados o simplemente vistas, de manera secular, como enemigas de clase por su elevada condición de patrimonial
“La Guerra Civil en la Província de Badajoz - Repression Republicano-Franquista” de José Luís Gutiérrez Casalá.

domingo, 23 de julho de 2006

É UM PROBLEMA DE DINHEIRO, JÁ NÃO HÁ ÉTICA

É o que diz um militar aqui, no "Correio da Manhã", sobre as consequências nos gastos, e não só, da lei da revisão das carreiras dos militares que militaram, ou talvez sim, no 25 de Abril. Só para se pagar os complementos de pensão, ou pagar-se mesmo uma pensão digna, aos ex-combatentes do serviço militar obrigatório é que não há dinheiro e tudo é problema. Os do quadro permanente orientam-se à custa dos impostos que os ex-combatentes pagam, e estes são ignorados pelo poder político, o que não me admira, e também pelas chefias militares que deviam, moralmente, ter o assunto em agenda, em nome da justiça social, histórica e cívica.

sábado, 22 de julho de 2006

FLEXIBILIZAR ???

Com a devida vénia transcrevo do Jorge Gajardo Rojas, cujo site está nos links, um pequeno trecho de um post seu. Mas vale a pena ler o blog dele, todos os posts. Diversificando aprende-se muito. E tenho por ele um grande respeito. Foi o único que me criticou. Bem haja Jorge.
«El Ministro Velasco expuso ayer las 15 medidas de Chile Compite, recibió apoyo de los empresarios,no de todos y criticas politicas y de economistas.La reiterativa queja de los empresarios es que hay que flexibilizar el mercado laboral para crecer más.Pagarle menos a la gente para disminuir la cesantia.Se supone que el cesante es una persona con poca calificacion,no es tan asi en Chile hay una cesantia de gente calificada.Ya hay muchos profesionales que trabajan por menos de lo que usualmente recibe un profesional si se saca el costo de su formacion versus el beneficio de estar empleado por digamos 500 dolares,pierde plata,porque fuera que necesita afrontar sus necesidades basicas debe amortizar su inversion,no solo la Universitaria sino toda su educacion.Resultado esa mano de obra migra fuera de Chile,trabaja en empresas que crean poco valor agregado lo que implica una baja motivacion y creatividad y consume muy poco otro tipo de bienes de mayor valor agregado,incluyendo en esto pagar por su salud y por su prevision.Se saca el ejemplo de China,pero la diferencia de China es que la mano de obra tiene una buena educacion que ha pagado el estado y eso le permite crear bienes de alto valor agregado,que algunos sectores ganen poco allá puede ser,pero tambien el costo de la vida es más barato en Pekin que en Santiago.En el caso de las personas que tienen muy baja calificacion la flexibilidad tampoco ayuda mucho al crecimiento,si el salario no alcanza para satifacer las necesidades basicas lle ga un punto que no tiene sentido trabajar.Por eso que eso de la flexibilidad laboral debe ser analizado con mucho respeto a la propia economia y basicamente a las personas.»

MEIAS-FINAIS

A selecção de hóquei chegou, também, às meias-finais. Não há recepção? O meio do hóquei não é tão subtil e perverso como o do futebol a mexer com dinheiro e interesses? Então não há festa. E assim vai Portugal.

DA CONSOLIDAÇÃO

«Num regime democrático, não há Governo capaz de resistir ao crescimento do "Monstro". A sociedade portuguesa assenta numa "classe média de Estado", que não se tenciona suicidar por puro amor à consolidação financeira. Essa classe média, que manda na administração e nos partidos, para não falar do poder local (mais 200 mil funcionários), pode fingir que se move, mas não move. O problema é insolúvel: o sector privado devia crescer para diminuir o "Monstro" e não cresce porque o "Monstro" não diminui. O eng. Sócrates parece que anda por aí muito contente com a meia dúzia de medidas cosméticas que tomou. Manifestamente, não percebeu a situação. Nem a dele, nem a do país. »

Vasco Pulido Valente, hoje, no Público.

E refere também algo que eu já por aqui venho dizendo, e por várias vezes. O país não quer, nem gosta, de licenciados nem de qualificados. Abomina-os.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

RONDÓNIA

Pra se continuar a entender este país leiam o artigo do Vasco Pulido Valente, hoje no Público, com o título em epígrafe.

Eis um "aroma" do artigo:
«Eleito em 1993, Rondão já deu o nome a um parque de estacionamento subterrâneo, a um lar de idosos na aldeia de Vila Fernando e ao bairro social em Santa Eulália. Agora o novo "pavilhão multiusos" também recebeu a glória (e a virtude) de ser pela eternidade fora o "Coliseu Rondão de Almeida". E isto, confessou Rondão, "não vai ficar por aqui". Esperemos que não. Com o tempo, e não muito, até a própria Elvas se chamará Rondónia e a família de Rondão passará em triunfo para a toponímia da terra.»

quinta-feira, 20 de julho de 2006

INDIVISA

"Todos fazemos parte da unidade indivisa do universo"
Disse, ainda há pouco, o Professor Rodrigues de Carvalho na RTP, Canal1.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

PACIFISMO

Gostei imenso desta frase do Rui Ramos. Hoje no Público. Leiam o artigo "Perante a guerra" na íntegra.

«E o "pacifismo" parcial agora na moda, pelo modo como elimina a compreensão da dimensão trágica do mundo, não nos poupa ao domínio da guerra, pelo contrário. Valerá talvez a pena examinar o verdadeiro efeito desse suposto "pacifismo".»

NÃO HÁ BANDEIRAS PARA O HÓQUEI?

Acabou-se a euforia? Só é válida para o futebol? Os outros desportos não são “gente”?
E digo isto por causa da nossa selecção de hóquei estar a disputar um campeonato em Monza. Reparei agora que, na página de desporto do Público on-line, de hoje, a notícia sobre o hóquei é a última depois de muito futebol. A primeira é sobre o Tour, seguem-se seis de futebol e mais uma do Dakar 2007. Só depois vem a nossa selecção de hóquei.
O Dr. Resendes, antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol, bem disse que se anda a confundir futebol com identidade nacional, o que, quanto a ele, está errado.
Será que os portugueses não têm emenda? Será? Se calhar é.

terça-feira, 18 de julho de 2006

O QUE FAZER É UMA CONSTANTE AO LONGO DE DÉCADAS E DÉCADAS

O que fazer contra o destino, já manifesto, que amea­çava o país? Uma política de «convicção e tolerância», de «moralidade e justiça», uma política de «realizações», em que a «massa popular» acreditasse e activamente defendes­se. Infelizmente, não se via em parte alguma essa meia dúzia de justos necessária para combater «as Resistências» (com maiúscula), «interessadas na conservação dos abusos». Pelo contrário, por toda a parte se viam «pusilanimidades, dissol­vências, apagamentos». Pior, na própria sociedade, ou «cá pelo exterior», para usar as reveladoras palavras de Coucei­ro, as coisas não iam melhor. Não havia «nem crenças, nem fé>. Andava «tudo fora dos eixos»: «frivolidades correndo ao gozo, plutocracias tratando da vida» e uma «indolência cívica» quase universal. Nomeio desta «farândola de incons­cientes» e do «desvairamento geral», profetizava Couceiro, e não foi preciso esperar muito para verificar que não se enganara, «abria-se a estrada da escravidão».
In "Um Herói Português - Henrique Paiva Couceiro" de Vasco Pulido Valente

segunda-feira, 17 de julho de 2006

DE CIDADANIA

«Educar para la ciudadanía puede parecer pretencioso, pero habría aplausos generalizados si se encontrara la fórmula para que los escolares salieran de la escuela habiendo aprendido a comportarse como ciudadanos, es decir, como personas conscientes de sus derechos y deberes en la sociedad a la que pertenecen. En ello está el Ministerio de Educación, preparando el contenido de esta nueva asignatura curricular que los alumnos empezarán a estudiar en algunos cursos de primaria y de secundaria a partir del año escolar 2007-2008
Do Editorial do "El Pais" espanhol, de hoje.

domingo, 16 de julho de 2006

DE GUERRAS

Isto post foi um comentário que fiz num blog. Mas achei que era aqui um bom post.

Sobre guerras devo dizer que não há comportamentos angelicais em nenhuma das partes. E que o pior delas é o incremento e o alimento de ódios que levarão anos a diluir, se é que alguma vez ficarão para sempre diluídos. E também não alinho no mito de que a guerra é um produto da violência masculina sendo as mulheres angélicas, maternais e pacíficas. Porque só conhecendo-se as mulheres em plena acção de guerra é que se pode avaliar das suas canduras. E posso afirmar que as mulheres em acção são fogo. E basta ver-se em Portugal quem são as pessoas decididas nas manifestações. E nas famílias. E nos empregos. As mulheres são umas lutadoras. No bom sentido. Mas no mau sentido são senhoras de uma crueldade, que muitas histórias o justificam.Mas voltando para a Guerra Civil de Espanha. Onde todos foram anjos e demónios. Eu recomendo dois livros. Um, “Los Mitos de la Guerra Civil” de Pio Moa. O outro é “La Guerra Civil en la Província de Badajoz - Repression Republicano-Franquista” de José Luís Gutiérrez Casalá. É um livro que não julga. Descreve a guerra por cada pueblo. Tem os nomes dos mortos e de quem matou. Aqui se pode aquilatar a mesquinhez de todo aquele período e dos interesses, os mais variados possíveis, que se jogaram naquele tabuleiro com as vidas das pessoas, independente do lado a que pertenciam, se é que muitos pertenciam a algum lado ou disso tinham consciência. A mesquinhez que cada ser humano, em algum momento da sua vida, pode exibir é avassaladora. E o pior é que a guerra é uma actividade sanitária da humanidade. Infelizmente, as sociedades deixam-se conduzir a tais redutos, que a guerra apresenta-se como o único remédio para as maleitas sociais até então geradas

sábado, 15 de julho de 2006

A CIDADELA

A ler, aqui, obrigatoriamente e na totalidade, o artigo de Helana Matos "A lição de Roma".
Mas não prescindo de destacar algo do citado artigo.
«Hoje, estas palavras não contam nada e para nada. Hoje estamos na Era do Contribuinte, somos governados por cobradores de impostos, cuja eficiência é indexada ao volume das cobranças que efectuam e cujo sinal mais óbvio de poder é concederem ou não isenções fiscais. Aliás, sobre os nossos novos heróis nacionais, os jogadores de futebol, é precisamente isso que discutimos: devem ou não ser tributados em IRS os prémios que lhes vão ser pagos pelo seu desempenho no Mundial?
(...)
O Estado é, em Portugal, uma cidadela cujos dirigentes, tal como os antigos patrícios romanos, compram a paz através da manutenção da clientela. À clientela romana dava-se trigo. O nosso Estado dá subsídios, isenções, destacamentos. Regimes de excepção. Desafectações. Esquecemos a lição de Roma: não só nunca se dá o suficiente como a clientela nunca parará de crescer.Tal como Roma também a nossa cidadela cairá sem honra nem glória, num dia que ninguém saberá dizer exactamente qual foi

sexta-feira, 14 de julho de 2006

CITANDO

Do “Courrier Internacional” de hoje destaco uma citação.
Do Sr. Roberto Calderoli, vice-presidente do Senado de Itália, e eleito pela Liga do Norte, que afirmou o seguinte:
«A vitória de Berlim é uma vitória da nossa identidade, de uma equipa que alinhou lombardos, napolitanos, venezianos e calabrianos e que ganhou contra uma equipa que sacrificou a sua própria identidade, alinhando negros, islamitas e comunistas para obter resultados.» O Le Penn disse algo parecido com isto quando disse que a França não se revia na sua selecção.
Os poderes andam por aí. Eles já andam pelas esquinas. Quando andarem em plena praça abertamente, então será tarde. A cobardia da indiferença e a sua recusa em combater as várias vertentes fascistas, quer estalinistas quer hitlerianas, ou ainda de cariz religioso fundamentalista, vai ter um preço demasiado alto, que será inevitavelmente pago.

quinta-feira, 13 de julho de 2006

5,9

É a média dos exames de matemática do 12º ano. Veja aqui as notícias.
Não comento. Só me admira que o país não se indigne, no mínimo. Claro que "todo o mundo" vai lavar as mãos, como bons discípulos que são de Pilatos. Ah! Ainda é pior do que o ano passado.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

FELICIDADE

E já agora veja o nível de desenvolvimento e bem-estar em Portugal. Aqui no THE HAPPY PLANET INDEX.

PALAVRAS OCAS


O Primeiro Ministro disse, ainda há pouco, no Debate do Estado da Nação, que o único caminho para o desenvolvimento é o da qualificação, do incremento do saber. Pois. Mas ainda ninguém lhe explicou que este país não gosta que as pessoas se qualifiquem? Se se qualificam são ostracisadas, e privilegiam a ignorância e a incompetência. Já o disse neste blog várias vezes. E no sector dependente do estado isso é bem evidente. No sector privado é tudo uma questão de pagar barato, por isso preferem não qualificados. E a formação contínua só é possível no sector do funcionalismo público. Que têm formação mesmo sem saberem para quê, ou que utilidade rentabilizarão. Isto é um país já sem nexo.
Qualificação? De quem? Estes debates na Assembleia da República não passam de programas cómicos, mas dos medíocres.

EFICÁCIA DAS LIDERANÇAS

«O desânimo das sociedades civis em relação à eficácia das lideranças e das políticas públicas nos espaços ocidentais parece não consentir muita atenção esperançada nos pedidos de consenso entre os responsáveis pelas decisões. Modelações semânticas são ensaiadas no sentido de provocar algum movimento das águas paradas, governos e oposições apelam ocasionalmente a responsabilidades transversais, mas o efeito na mudança dos paradigmas não é sensível na vida habitual.
(...)
A percepção de que os ocidentais são o objectivo primeiro da intervenção terrorista aponta para declaradamente aceitar e tentar refazer as convergências entre as iniciativas das sociedades civis, dos representantes do Euro--Mediterrâneo, das instituições da União Europeia que lançou as Políticas de Vizinhança e Segurança, e da ONU a pregar a inadiável necessidade de reprogramar as responsabilidades mundiais. Por muito que a política de consensos esteja afectada pelo facto de o seu nome ser invocado em vão, não se vislumbra outra frente de arranque possível para a ambicionada construção de um mundo sem medo. »
Adriano Moreira, in "Para um Consenso", no DN de ontem.